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Opinião

O desafio corrupção

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E chegou o dia! Depois de anos que chegaram a parecer intermináveis, finalmente chegou o dia da sucessão de José Eduardo dos Santos .

João Lourenço (JL) tomou posse no dia 26 de Setembro, numa cerimônia pomposa e acima de tudo histórica, por tudo que a mesma representou. Era mais que uma tomada de posse, era mais que a troca de presidentes e vice-presidentes, era a mudança de paradigma, o fim de um ciclo e começo de outro.

Durante a campanha, saltou a vista a promessa de combate a corrupção, promessa essa que JL levou até o fim, e mais, lembrou dela no seu discurso de tomada de posse, o primeiro discurso enquanto PR – Ninguém é tão rico ao ponto de não poder ser punido, e ninguém é tão pobre ao ponto de não merecer proteção. As palavras foram estas, as interpretações..? Para bons entendedores, poucas palavras bastam!

Mas será? Será?JL vai mesmo levar a sério a promessa? Vai mesmo fazer dela desafio do seu mandato nos próximos cinco anos? Tudo indica que sim. Na verdade nem indica, ainda não temos subsídios suficientes para tal afirmação.

Os próximos tempos e os sinais vindos destes, certamente dirão e ajudarão a perceber qual afinal o caminho que JL decide seguir. Veremos se vai punir alguns altos funcionários do Estado e fazer destes exemplo ou continuar a toada de apenas olhar e fingir que nada se passa. Veremos se vai de facto tocar na ferida e punir inclusive alguns dos camaradas do MPLA e mostrar que a justiça é para todos e não apenas para alguns. Como aliás tem tentado fazer perceber. Ir a uma clínica visitar um doente quase que sem seguranças e parar no semáforo, podem ser sinais!

É que o combate à corrupção não é uma luta simples. Não é uma luta normal como qualquer outra. O combate à corrupção em Angola, é uma luta complexa e que leva a caminhos difíceis, quer pelos espinhos, quer pelas surpresas que o caminho reserva. Afinal vejamos os muitos ricos que não conseguem dizer o tamanho do patrimônio e nem mesmo de onde veio.

Terá JL garras e coragem para entrar de facto numa luta que lhe pode obrigar a chocar com figuras e nomes fortes do próprio partido e do sistema em geral?

A corrupção em Angola que ficou quase que legitimada depois da célebre e infeliz frase -“O cabrito come onde está amarrado”. – Ganhou adeptos e até crentes. Pessoal cá de baixo, meros reles, mas também pessoas super poderosas e influentes. Pessoas estas que podem mesmo criar esquemas e artimanhas para dificultar a vida do novo PR e isto, numa altura em que a natural suspeição sobre JL será grande pelos motivos que são óbvios.

A corrupção não é só um problema, é um verdadeiro fenômeno. Pessoas acreditam que com ela se cresce e se consegue coisas. Está de tal forma enraizado que a inversão dos papéis, – correcto e errado – acabou por acontecer. Trocamos o certo pelo errado. Aquele que não pede uma gasosa é o bobo da corte, o menos vivo. Mas diga-se de passagem, JL terá – se abraçar o desafio – o maior problema da sua trajetória política.  Escolher entre a justiça imparcial e a camaradagem é um dos efeitos colaterais dessa luta.

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