Mundo
Burkina Faso: transmissões da BBC e VOA suspensas após denúncia de execução sumária
A Junta Militar do Burkina Faso suspendeu as transmissões de rádio da BBC África e da Voz da América (VOA), financiada pelos EUA, por um período de duas semanas.
A decisão foi em resposta à cobertura de um relatório da Human Rights Watch (HRW) que acusava o exército de realizar execuções extrajudiciais.
Ao anunciarem a medida na noite desta quinta-feira, 25, as autoridades destacaram que o relatório da HRW afirmava que os militares burquinenses executaram sumariamente aproximadamente 223 aldeões, incluindo pelo menos 56 crianças, em Fevereiro.
“Essas acções faziam parte de uma campanha contra civis suspeitos de colaborar com militantes jihadistas”, alegaram.
A HRW, em sua própria investigação, citada pela Reuters, afirmou que o exército burquinense cometeu repetidas atrocidades em massa contra civis em nome da luta contra o terrorismo. A organização apelou às autoridades para investigarem os massacres.
No entanto, o conselho de comunicação do país criticou o relatório da HRW, alegando que continha declarações “peremptórias e tendenciosas” contra o exército, o que poderia levar a distúrbios públicos. Em consequência, decidiu-se suspender os programas das emissoras de rádio em questão devido à cobertura dessa história.
Os militares emitiram também uma ordem para que os provedores de serviços de Internet suspendessem o acesso aos sites e outras plataformas digitais da BBC, VOA e Human Rights Watch em Burkina Faso.
A investigação da HRW foi iniciada após um procurador regional relatar, em Março, que cerca de 170 pessoas foram executadas por agressores não identificados durante ataques às aldeias de Komsilga, Nodin e Soro.
Burkina Faso, assim como outras nações do Sahel, tem enfrentado desafios significativos para conter insurgências islâmicas associadas à Al Qaeda e ao Estado Islâmico, que se intensificaram desde 2012 no vizinho Mali. Esses conflitos já tiraram a vida de milhares de pessoas e deslocaram milhões. A instabilidade resultante também levou a golpes de Estado em várias nações da região, incluindo dois no Mali, dois em Burkina Faso e um no Níger desde 2020.
Golpes de Estado: os revolucionários africanos que em nada abonam
Pingback: Burkina Faso suspende vários outros meios de comunicação do Ocidente e África - Correio da Kianda - Notícias de Angola