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Opinião

Diagnóstico do Turismo em Angola: Avaliação de Desafios e Oportunidades – Parte 2

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Na primeira parte deste artigo, exploramos o cenário do turismo em Angola, destacando os desafios enfrentados pelo país e as oportunidades promissoras que podem impulsionar o sector. Agora, avançaremos para a segunda parte, onde nos concentraremos em uma análise comparativa com os países vizinhos da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), especificamente Moçambique e Namíbia. Vamos examinar as lições que podemos aprender com o sucesso desses países em desenvolver e promover o turismo, além de discutir estratégias inovadoras para impulsionar ainda mais o sector turístico em Angola.

Com esta base estabelecida, vamos agora iniciar a análise comparativa com os países da região da SADC.

Lições dos Vizinhos da SADC

Angola, conhecida pela sua vasta riqueza natural e cultural, encontra-se numa encruzilhada crucial no desenvolvimento do turismo, contrastando com o sucesso dos seus vizinhos na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), nomeadamente Moçambique e Namíbia.

No cenário turístico da SADC, Moçambique e Namíbia destacam-se pelo compromisso efectivo com o turismo sustentável. Segundo o “Diagnóstico Sectorial e Plano de Acção para o Turismo”, publicado pelo Ministério do Turismo (MINTUR) em 2020, Moçambique contribuiu com 1,2% para o seu PIB através do turismo em 2021. Em contraste, a Namíbia viu a sua contribuição para o PIB diminuir de 2,8% em 2016 para 1,1% em 2021. Ambos os países têm realizado investimentos significativos em infraestruturas turísticas e promovido activamente suas belezas naturais e diversidade cultural, com políticas focadas na sustentabilidade e conservação da biodiversidade, atraindo um nicho de turistas que valoriza práticas responsáveis e éticas.

Angola, apesar dos seus recursos abundantes e herança cultural rica, enfrenta desafios significativos no desenvolvimento da sua infraestrutura turística. Estas limitações têm afectado a capacidade do país de atrair um número maior de visitantes internacionais, restringindo o seu crescimento no sector.

A aprendizagem com Moçambique e Namíbia destaca a importância de investimentos em infraestrutura, promoção de recursos naturais e culturais, e o compromisso com práticas sustentáveis. Estas lições podem ser aplicadas em Angola, ajudando a transformar desafios em oportunidades e fortalecendo sua posição como destino turístico na região da SADC.

Inovação e Colaboração no Turismo:

Para impulsionar o desenvolvimento sustentável do turismo, Angola necessita adoptar uma estratégia integrada que envolva a colaboração entre múltiplos sectores. Segundo o Estudo da Cadeia de Valor do Turismo, publicado pelo Ministério do Turismo em 2020, a inovação e a colaboração são essenciais para o avanço deste sector.

Parcerias Público-Privadas. Uma das principais recomendações do plano é o estabelecimento de parcerias público-privadas efectivas. Estas parcerias são cruciais para o desenvolvimento de infraestruturas turísticas que não só atendem às necessidades contemporâneas de turistas e investidores, mas também promovem a sustentabilidade ambiental e cultural. Através destas colaborações, é possível alavancar investimentos privados que complementem os esforços públicos, criando projectos de turismo mais robustos e diversificados.

Fomento à Inovação. Outro aspecto fundamental é a promoção da inovação dentro do sector. Isto inclui a adopção de novas tecnologias que facilitam a gestão turística e melhoram a experiência do utilizador, desde sistemas de reservas online até plataformas interactivas de informação turística. A tecnologia pode também ser utilizada para melhorar a gestão de recursos naturais e culturais, garantindo a sua preservação para gerações futuras.

Desenvolvimento de Competências. O plano destaca a importância de desenvolver competências locais, através de programas de formação e capacitação que preparem os angolanos para os desafios e oportunidades do sector turístico. Isto não só melhora a qualidade do serviço oferecido, como também assegura que o crescimento do turismo beneficie directamente a população local.

Implementação de Práticas Sustentáveis. A sustentabilidade é uma preocupação central, e o documento apela à implementação de práticas turísticas que respeitem o meio ambiente e a cultura locais. Isto envolve desde a gestão responsável de locais turísticos até a promoção de turismo ecológico e cultural que destaque a rica herança de Angola.

Estas estratégias, conforme delineadas pelo Diagnóstico Sectorial e Plano de Acção para o Turismo de 2020, pretendem não apenas superar os desafios enfrentados pelo sector turístico em Angola, mas também aproveitar ao máximo seu vasto potencial, promovendo um desenvolvimento que seja economicamente viável, ambientalmente sustentável e socialmente benéfico.

Caminhos a Seguir:

Após uma análise aprofundada dos desafios e oportunidades no sector do turismo em Angola, torna-se evidente que temos um futuro promissor pela frente. Eis algumas medidas práticas que podem realmente marcar a diferença:

  • Continuar as Reformas Legislativas: É essencial manter o ímpeto das mudanças legislativas. Simplificar ainda mais os procedimentos e criar um ambiente regulatório convidativo são passos cruciais para atrair mais investidores e turistas.
  • Investir em Infraestruturas de Topo: Encaremos a realidade: sem infraestruturas adequadas, o progresso é limitado. Investimentos em transportes, alojamentos e tecnologias de informação são fundamentais para elevar a experiência dos turistas.
  • Diversificar as Ofertas Turísticas: Angola é um tesouro de cultura e natureza. Por que não explorar mais esses nichos? Ecoturismo, turismo cultural e de aventura são apenas algumas das possibilidades que podem atrair diversos tipos de viajantes.
  • Capacitar os Profissionais do Turismo: A qualidade do serviço é indispensável. Formações e cursos de capacitação para os profissionais do turismo são vitais para assegurar que cada visitante tenha uma experiência memorável em Angola.
  • Impulsionar o Marketing Turístico: Uma estratégia de marketing bem elaborada pode colocar Angola no mapa como nunca. Investir em campanhas digitais, colaborações com influenciadores e promoções internacionais pode abrir portas para novos mercados.

Implementando estas estratégias, não só podemos melhorar a qualidade de vida dos angolanos, como também posicionar Angola como um dos destinos mais cobiçados a nível mundial. É tempo de agir, pensar em grande e transformar o potencial em realidade!

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