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Opinião

A crise angolana e o dólar americano

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Por: Ladislau Neves Francisco 

A crise de que todos falam teve e tem como epicentro a queda do preço do petróleo nos mercados internacionais. Uma queda que como é natural, tirou do Estado a capacidade financeira e de resposta às necessidades, levando ao famoso aperto dos cintos, tendo o Estado de escolher entre prioridades, aquelas realmente importantes no momento. E como agravante, o Estado viu-se igualmente restringido do acesso aos dólares americanos. E tudo porque supostamente a série de dólares que Angola recebe, está ligada ao financiamento ao terrorismo. 

Estes dois factores, levaram não só ao aumento da pressão sobre o Estado, mas ao agravamento da situação de dificuldades financeiras quer do Estado, quer da população em geral, uma vez que somos um país quase que totalmente dependente de importações, e com população habituada, mal habituada a ter acesso direto as divisas, mais propriamente os dólares americanos. Sendo que nos outros países, pelo-menos os mais bem organizados economicamente, é difícil, quase impossível (tirando as exceções), as pessoas fazerem compras, vendas enfim, transações em moeda que não a nacional. O hábito está de tal forma instalado que as pessoas não pensam sequer em trocar ou comprar moeda estrangeira. Sendo que quando precisam fazer alguma compra ou venda para um país de moeda diferente, recorrem ao banco ou casa de câmbio, que por sinal, são os únicos a ter regular acesso as dívidas.

Este mal hábito das pessoas associado a tudo que acima foi dito, agravou o que já era mau, e levou a que não só o Estado, mas todos notassem a escassez de divisas. E como o mal hábito era generalizado, logo se começou uma procura generalizada que levou a que rapidamente se percebesse que se estava diante de um problema sério. Dali aos falatórios foi só mais um passo. Do falatório ao alarde social quase que uma piscada de olho e disso a tensão, foi só estalar os dedos. O resultado? Crise!

E agora? Agora resta-nos esperar que o Estado, na pessoa daqueles que gerem a máquina, façam as escolhas, tomem as decisões mais acertadas. Afinal, um universo de coisas estão em jogo, desde a capacidade de compra das excentricidades até a capacidade de compra dos produtos necessário para o dia-dia e portanto para a manutenção da vida normal.

O novo executivo que toma posse sobre olhar atento e expectante dos nacionais e internacionais tem em suas mãos a responsabilidade de lidar com aquela que para muitos é a maior crise com a qual o país teve de lidar. Cada decisão será importante, cada porta aberta poderá aliviar ou agravar o peso da crise na vida dos cidadãos. As restrições ou alívio delas serão os maiores e melhores sinais de acertos ou erros por parte do executivo.

* Professor Universitário 

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