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Israel recusa cessar-fogo por suspeitar que Hamas “executou muitos reféns”

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O jornalista Henrique Cymerman, correspondente da SIC no Médio Oriente, que entrevistou o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que não falava para imprensa havia 22 anos, partilha da preocupação israelense, e refere ser “inaceitável” que o grupo que governa a Faixa de Gaza queira impor no acordo, sem uma fundamentação plausível, a possibilidade de entrega, numa primeira fase, de 33 reféns, “vivos ou mortos”. Por sua vez, os EUA compreendem a dor e a preocupação israelita, mas já reduziram o apoio militar face à entrada das IDF em Rafah.

O Gabinete de Guerra concebido por Benjamim Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, recusou o cessar-fogo mediado pelo Egipto e o Qatar, aceite pelo Hamas, pelo facto de o grupo liderado por Yahya Ibrahim Al-Sinwar, ter colocado sugestões que o país descorda.

Já na segunda-feira, quando foi destaque em vários jornais a informação de que o Hamas, o grupo que começou a guerra matando mais de mil pessoas num ataque surpresa que efectuou ao território israelita, a 7 de Outubro do ano passado, havia dado sim a proposta de paz, oficiais hebreus já o interpretavam como uma forma simples de expor Israel como o lado que recusa um acordo, tendo em conta que o grupo recusou várias vezes as propostas de cessar-fogo. Entre outras suspeitas, tendo em conta as informações de que dispõem, os oficiais e membros do governo acreditam que o Hamas pretenda apenas salvar os batalhões que ainda possui em Rafah, sul da Faixa de Gaza, por hora a única zona minimamente segura para os palestinos.

Entretanto, o governo de Benjamin Netanyahu já deu mostras de que não vai parar sem entrar em Rafah e desmantelar os batalhões do Hamas aí estacionados. As Nações Unidas, os Estados Unidos da América, o mais importante aliado de Israel à face da terra, apelam para que as Forças de Defesa de Israel (IDF) não sejam autorizadas a iniciar uma incursão mais para dentro de Rafah, tendo inclusive a Administração Biden suspenso o envio de carregamento de bombas pesadas a Israel.

Para a comunidade internacional, uma incursão terrestre das IDF em Rafah seria catastrófica, dado que a pequena localidade acolhe mais de 2,5 milhões de refugiados palestinos.

O jornalista Henrique Cymerman, correspondente da SIC no Médio Oriente, que em 2013 chegou a entrevistar o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que não falava para imprensa havia 22 anos, partilha das posições de Israel, e diz ser “inaceitável” que o Hamas imponha no acordo a possibilidade de entrega dos 33 reféns, vivos ou mortos. E com este a argumento que Israel desafia a todos, e recusa o cessar-fogo.

Entre outros pontos, a proposta de cessação das hostilidades aponta para fases subsequentes de sua implementação, que passa primeiro pelo cessar-fogo de 42 dias e a libertação, pelo Hamas, de 33 reféns israelitas, vivos ou mortos, em troca da libertação, por Israel, de 30 crianças e mulheres por cada refém israelita libertado, com base em listas fornecidas pelo Hamas.

Para Israel, a introdução desse ponto transparece a ideia de que o Hamas foi incapaz de manter vivo os reféns e/ou de os ter executado.

A proposta inclui ainda a indemnização aos palestinos, a reconstrução de Gaza, e um cessar-fogo permanente. Para Israel, pode haver um cessar-fogo de seis meses, mas jamais permanente, tendo em conta que o seu objectivo é o de eliminar o Hamas, visando o alcance de uma tranquilidade duradoura dos judeus em Israel.

“Israel não vai permitir que o Hamas restabeleça seu domínio maligno na Faixa de Gaza, Israel não vai permitir que [o Hamas] restabeleça suas capacidades militares para continuar a lutar pela nossa destruição. Israel não pode aceitar uma proposta que coloque em risco a segurança dos nossos cidadãos e o futuro do nosso país”, sublinhou Netanyahu.

Este assunto levantado por Israel representa mais um enorme desafio para os negociadores, os EUA, o Egipto e o Qatar.

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Riyad al-Maliki, que falava recentemente à Euronews, é de entendimento de que Benjamin Netanyahu quer “prolongar a guerra” para salvar a própria pele, face aos processos judiciais que tem à perna, e avisou os EUA de que o mundo poderá “assistir a uma carnificina”, caso Israel não seja impedido de penetrar em Rafah.