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Governos de militares golpistas do Burkina Faso e Mali perdem territórios a favor de terroristas
A falta de capacidade de gestão administrativa e securitário por parte de militares que tomaram o poder em seus países sem o mandato do povo, já provocou mais de 3 milhões de deslocados burquinabês. No Mali, a situação está igualmente difíciL, pior do que no período em que o país era gerido pelo Governo deposto.
Os Governos de militares golpistas do Burkina Faso e Mali revelam incapacidade de continuarem a administrar os seus países, quer em termos de gestão governativa, quer em termos de segurança.
De acordo com a última actualização de Agosto da Central África, um organismo que visa a actualização dos factos no continente berço, estima-se que 60% do território do Burkina Faso esteja fora do controlo dos militares, que agora governam o país, como resultado do golpe de Estado que efectuaram em Setembro de 2022.
Na sequência do golpe, o capitão Ibrahim Traoré, actual chefe de Estado do país, que destituiu o líder militar Paul-Henri Damiba, este que nove meses antes, havia conduzido um golpe de Estado contra o presidente Roch Kabore, justificou a opção com a “incapacidade” do então líder militar em lidar com a crescente insurgência islâmica. Curioso, é que foi a mesma justificativa usada por Damiba no golpe anterior.
O que é facto é que, quer com Damiba, quer com Traoré, o Burkina Faso está votado no caos.
Relatório recentemente publicado pela França indica que em finais de Agosto, cerca de 600 pessoas foram mortas a tiro em questão de horas por militantes ligados à Al Qaeda, num ataque a uma cidade naquele país.
As vítimas, na sua maioria civis, foram mortas a tiros enquanto cavavam trincheiras para defender a remota cidade de Barsalogho, num dos ataques isolados mais mortíferos no continente africano nas últimas décadas.
Militantes do Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM), um afiliado da Al Qaeda baseado no Mali e activo no Burkina Faso, abriram fogo metodicamente enquanto invadiam os arredores de Barsalogho em motos, deixando os moradores mortos em uma trincheira.
Portanto, de acordo com especialistas, essa gritante falta de capacidade securitária e de gestão e administração por parte de militares que tomaram o poder sem o mandato do povo, já provocou mais de 3 milhões de deslocados burquinabês, sendo que até 75 vilas e cidades estão sitiadas por grupos militantes islâmicos que cortam suas populações de suprimentos essenciais.
No Mali, entretanto, a dimensão de território perdido a favor de terroristas é de 50%. Em 2021, a dimensão geográfica fora do controlo do Estado foi estimado em 40% para cada país.
Aquando dos golpes, as diferentes juntas militares justificaram os golpes com a incapacidade do Estado em eliminar grupos armados e terroristas, busca de dignidade às populações, como direitos humanos, e outros, mas ao fim de alguns anos, constata-se que quase nenhum dos objectivos foram alcançados.
De acordo com os dados à disposição, após os golpes de Estado no Mali (2020 e 2021), Burkina Faso (dois em 2022) e Níger (2023), houve um esforço conjunto para se amordaçar a mídia doméstica e a imprensa internacional nestes países. Como resultado, há uma diminuição do acesso às informações precisas sobre eventos violentos na região.
E houve uma escalada da violência contra civis por parte das forças de segurança da junta e dos seus parceiros paramilitares. Equação publicada pela Central África indica que o número de ataques contra civis por esses agentes de segurança aumentou 76% entre 2022 e 2024 (de cerca de 230 para 400 ataques). Nos últimos 3 anos, estima-se que 4.740 civis foram mortos por essas forças.
Ao todo, lê-se, as juntas militares do Sahel e suas milícias aliadas mataram mais civis (2.430) no ano passado do que grupos militantes islâmicos (2.050).
Essa violência por parte de forças do Estado e aliadas ao Estado como grupos paramilitares estrangeiros contratados, está, nalgumas vezes, a ser usada como justificativa de jovens civis se alistarem a grupos extremistas violentos.

Leandro
07/10/2024 em 9:30 am
Quero eu acreditar que a fonte citada nesta informação não tenha credibilidade para crermos nela. Dizer que a França é a maior interessada na desestabilização daquela região. Então acreditar na credibilidade da informação cuja a fonte é francesa é até engraçado.