Cultura
Contos sobre amizade e solidariedade marcam sexta edição do “Estórias do Embondeiro”
A sexta edição do projecto “Estórias do Embondeiro”, do Centro de Ciência de Luanda, na capital do país, foi marcada por contos que retratam a amizade e a solidariedade como valores que devem imperar nas relações sociais, no último sábado.
A actriz Pulquéria Van-Dúnem, nas vestes de convidada, narrou para a assistência, contos tradicionais do município de Icolo e Bengo e da província de Benguela, que demonstram os benefícios da acção movida pela empatia e a inteligência.
Entre às 18h e às 19 horas contou para as crianças e adultos presentes, o conto “O coelho, o elefante e o hipopótamo”, “A lebre e o cágado” e “Há muito jacaré por aí”, de antigos anciões, que foram convertidas para o texto por José Luís Mendonça, o coordenador do projecto “Estórias no Imbondeiro”, entretanto, ausente no evento.
Chamada a comentar, Pulqueira Vandunen disse que a mensagem que se deve tirar é de prestar atenção às pessoas que se tem como amigos, pois existem “pessoas extraordinariamente boas, que nos conseguem cativar, mas [que] na verdade elas têm alguma má intenção contra nós. Essa é na estória do jacaré que se aproximou do macaco, com o objectivo de mata-lo. O chamado falso amigo”.
Já a segunda estória por si narrada é sobre a diversidade e sobre o entendimento na diversidade, e da inveja.
“Porque às vezes as pessoas não conseguem conviver com os outros na diversidade, não porque achem que os outros são assim tão perniciosos para eles, porque têm alguma coisa que eles não têm e que gostariam muito de ter”, referiu.
Sobre o evento, a actriz lamentou o facto de as pessoas estarem a perder o hábito de se contarem estórias, e louvou a iniciativa do projecto de renascer essa tradição da cultura angolana.
Por sua vez, o estoriador Rebesculiabante Usolilóquio, que narrou os contos ‘O rato e os outros animais’, bem como do ‘coelho, o elefante e o hipopótamo’ disse que as estórias referem-se a necessidade da participação activa no bem comum, e a não se mostrar indiferente ao sofrimento do próximo.
“A primeira história resume-se na solidariedade, que é a participação da ajuda mútua.
Ou seja, essa história pode ser contemplada desde os aspectos laborais até os aspectos culturais e familiares”, afirmou contextualizando no ambiente laboral a sua falta como uma falha que pode atingir o outro departamento.
“Ajudar é sempre bom. Tanto que a história vem também da tribo Bantu Umbundu que, em português, podemos traduzir como segura com o outro porque sozinho vai te fazer cair”, acrescentou.
Já a segunda história tem a ver com a questão da inteligência e força.
“Algumas vezes devemos perceber que nem tudo é resolvido à base da força. Devemos perceber que a inteligência muitas das vezes sobrepõe à força. Sendo que a força é a parte da execução, da materialização do pensamento”, referiu.
A estudante Cristina da Conceição Ramos Júnior, de 20 anos, que esteve no evento pela primeira vez, disse que saiu do local com lições que levará para o resto da vida, razão pela qual não se arrepende de ter saído de Viana para assistir à sexta edição do ‘Estórias do Embondeiro’.
“Na primeira estória pude entender que não devemos nos aproximar das pessoas por interesse. Na segunda pude entender que devemos ser solidários. Quando alguém nos pede ajuda, se estiver ao nosso alcance, devemos ajudar. E da última estória, entendi que devemos agir sempre com inteligência”, resumiu.
O projecto “Estórias no imbondeiro” acontece no último sábado de cada mês, nas instalações do CCL, na Marginal de Luanda, Avenida 4 de Fevereiro. Com a iniciativa, o CCL visa sensibilizar a população, sobretudo os mais jovens, para a importância de conhecer e valorizar a cultura e os costumes tradicionais de Angola.