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Os entraves empresariais em Angola: culpa da má comunicação?

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A comunicação é um dos pilares fundamentais para o sucesso nos negócios, seja no âmbito pessoal ou corporativo. A forma como transmitimos mensagens influencia diretamente as relações interpessoais, a produtividade e a imagem de uma organização. Para Peter Drucker (1999), “a habilidade de se comunicar claramente e eficientemente é a chave para o sucesso nos negócios”.

No ambiente empresarial contemporâneo, a comunicação vai além da simples troca de informações: ela constrói conexões, fortalece marcas, impulsiona decisões estratégicas e pode determinar o sucesso ou fracasso de uma empresa. No contexto angolano, onde o mercado ainda está em expansão e a competitividade cresce a cada dia, a capacidade de comunicação eficaz torna-se um diferencial essencial para profissionais e organizações.

Os diferentes estilos de comunicação — passiva, agressiva e assertiva — determinam como um profissional ou uma empresa se posiciona no mercado e no meio corporativo. Dominar essas abordagens e compreender o impacto de cada uma é essencial para criar um ambiente de trabalho produtivo e saudável. No entanto, muitas empresas angolanas ainda enfrentam dificuldades em estruturar canais de comunicação internos eficazes, o que impacta negativamente o desempenho dos colaboradores e os resultados organizacionais.

A Importância da Comunicação no Contexto Angolano

Em Angola, um país com uma economia emergente e um sector empresarial em crescimento, a comunicação eficaz é essencial para a consolidação de negócios e para o desenvolvimento profissional. A cultura empresarial angolana é marcada por relações interpessoais fortes, sendo o networking um factor determinante para o sucesso. Como destaca Chiavenato (2014), “empresas que não promovem uma comunicação eficiente podem enfrentar dificuldades na resolução de problemas internos e na motivação da sua equipa”.

A falta de comunicação clara dentro das organizações angolanas muitas vezes resulta em conflitos, falhas na execução de tarefas e baixo desempenho. Muitas empresas ainda enfrentam desafios relacionados à comunicação hierárquica excessivamente verticalizada, o que pode limitar a participação activa dos colaboradores na tomada de decisões.

Além disso, a diversidade cultural e linguística de Angola também influencia a forma como a comunicação ocorre no ambiente de negócios. Embora o português seja a língua oficial, muitas comunidades utilizam línguas nacionais no seu quotidiano, o que pode gerar ruídos comunicacionais em ambientes empresariais. Dessa forma, adaptar a comunicação para diferentes públicos é uma habilidade essencial para os gestores e líderes empresariais.

Comunicação Passiva: O Silêncio que Prejudica

A comunicação passiva caracteriza-se pela dificuldade em expressar opiniões, sentimentos e necessidades. Indivíduos que adoptam esse estilo tendem a evitar conflitos, cedendo às vontades alheias mesmo quando isso os prejudica. Segundo Albert Mehrabian (1971), “a comunicação não verbal representa mais de 90% da expressão emocional”, o que demonstra que a passividade pode ser percebida mesmo sem palavras. No ambiente corporativo angolano, essa postura pode resultar em frustração, baixa produtividade e falta de reconhecimento profissional.

No sector público e privado em Angola, observa-se que muitos trabalhadores evitam expressar as suas ideias por receio de represálias ou por falta de espaço para participação activa. Isso limita a criatividade e a inovação dentro das organizações. Para mudar esse cenário, é necessário promover uma cultura de diálogo aberto e inclusivo, onde todos se sintam encorajados a partilhar as suas ideias sem receio de retaliação.

Além disso, empresas que permitem a comunicação passiva entre os seus colaboradores podem enfrentar dificuldades no atendimento ao cliente, na resolução de problemas internos e até mesmo na retenção de talentos. Um funcionário que não se sente ouvido ou valorizado tende a buscar outras oportunidades no mercado, o que pode aumentar os índices de rotatividade dentro das empresas.

Comunicação Agressiva: O Excesso que Ameaça

Por outro lado, a comunicação agressiva manifesta-se por meio de um tom imperativo, autoritário e, muitas vezes, desrespeitoso. Pessoas com esse perfil costumam impor as suas ideias sem considerar a perspectiva dos outros, criando um ambiente de trabalho hostil e pouco colaborativo. De acordo com Deborah Tannen (1994), “o modo como falamos influencia a maneira como somos percebidos e como os nossos relacionamentos se desenvolvem”.

Em Angola, algumas lideranças empresariais ainda adoptam uma postura autoritária, baseando-se em modelos de gestão tradicionais que podem inibir o desenvolvimento do potencial humano dentro das organizações. Essa abordagem pode resultar em alta rotatividade de colaboradores e queda na produtividade. Como ressalta Goleman (1995), “a inteligência emocional é essencial para a liderança e a gestão de equipas, e a comunicação agressiva mina a confiança e o engajamento dos colaboradores”.

Um ambiente corporativo onde predomina a comunicação agressiva pode gerar um clima organizacional tóxico, levando a conflitos constantes, desmotivação dos funcionários e até mesmo problemas jurídicos relacionados ao assédio moral. Por isso, é fundamental que os gestores e líderes empresariais angolanos desenvolvam habilidades de comunicação mais equilibradas, que promovam o respeito e a cooperação entre as equipas.

Comunicação Assertiva: O Equilíbrio para o Sucesso

A comunicação assertiva é o modelo ideal para um ambiente de negócios produtivo e harmonioso. Esse estilo envolve expressar ideias e sentimentos de maneira clara, directa e respeitosa, garantindo que tanto as próprias necessidades quanto as dos outros sejam consideradas. Como defende Marshall Rosenberg (2003) na sua teoria da Comunicação Não Violenta, “a assertividade permite a expressão sincera das emoções e necessidades sem recorrer à agressividade ou à submissão”.

Em Angola, desenvolver uma cultura de comunicação assertiva pode contribuir para a modernização do sector empresarial, melhorando as relações interpessoais e a eficiência na gestão. Líderes assertivos conseguem inspirar as suas equipas, promover um ambiente de trabalho saudável e estimular a inovação. Empresas que incentivam a comunicação assertiva tendem a ter um melhor clima organizacional, menor taxa de conflitos internos e maior satisfação dos colaboradores.

Além disso, a comunicação assertiva também é essencial para o atendimento ao cliente e para a construção de relações comerciais duradouras. No actual cenário de globalização, empresas angolanas que dominam essa abordagem comunicacional têm mais chances de estabelecer parcerias internacionais e expandir a sua presença no mercado global.

Finalmente, no contexto empresarial angolano, a capacidade de se comunicar eficazmente pode definir o sucesso ou o fracasso de um profissional ou empresa. Desenvolver uma comunicação assertiva é um diferencial competitivo que impacta directamente os resultados. Como afirmou Dale Carnegie (1936), “o sucesso de um indivíduo depende 15% do seu conhecimento técnico e 85% da sua habilidade de se comunicar”. Portanto, é fundamental investir no aprimoramento dessa habilidade, promovendo um ambiente de trabalho mais eficiente, respeitoso e colaborativo.

Angola, como um país em crescimento económico e empresarial, precisa fortalecer a sua cultura de comunicação organizacional para garantir um mercado mais dinâmico e competitivo. Quando bem aplicada, a comunicação torna-se um dos activos mais valiosos de qualquer empresa, impulsionando o crescimento profissional e organizacional de maneira sustentável. Cabe aos gestores, empresários e profissionais angolanos adoptarem práticas comunicacionais mais eficazes para garantir um futuro mais promissor para os seus negócios e para a economia nacional.

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Denílson Adelino Cipriano Duro é Mestre em Governação e Gestão Pública, com Pós-graduação em Governança de TI. Licenciado em Informática Educativa e Graduado em Administração de Empresas, possui uma sólida trajectória académica e profissional voltada para a governação, gestão de projectos, tecnologias de informação, marketing político e inteligência competitiva urbana. Actua como consultor, formador e escritor, sendo fundador da DL - Consultoria, Projectos e Treinamentos. É autor de diversas obras sobre liderança, empreendedorismo e administração pública, com foco em estratégias inovadoras para o desenvolvimento local e digitalização de processos governamentais.

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