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Cuba: indignação do Presidente leva demissão da ministra por afirmar que no país “não há mendigos”
A ministra cubana do Trabalho, Marta Elena Feijó, apresentou nesta quarta-feira a sua demissão do cargo, algumas horas depois que o chefe de Estado do país ter-se mostrado indignado com as suas declarações em que afirmara não existir mendigo do arquipélago.
Nas declarações, preferidas na última segunda-feira, Maria Elena Feitó disse que no país não há mendigos e sim pessoas disfarçadas de mendigos.
“Quando se olha para as mãos e para as roupas dessas pessoas, vê-se que estão disfarçadas de mendigos. Não são mendigos. Em Cuba não existem mendigos”, afirmou durante uma audição parlamentar.
Na ocasião, a governante negou que as pessoas que aparecem junto de contentores de lixo estejam a procura de comida, tendo, por outro lado, criticado os cidadãos que ganham dinheiro a limpar os para-brisas nas estradas de Havana, e acusando-os de procurar uma “vida fácil”.
Ao tomar conhecimento, o Presidente da República, Miguel Díaz-canel, mostrou-se indignado com as declarações, tendo tecido críticas à sua auxiliar no executivo.
Miguel Díaz-Canel, ao pronunciar -se nas redes sociais considerou de “altamente questionável a falta de sensibilidade da abordagem da vulnerabilidade”, por parte da ministra.
“Nenhum de nós pode agir de forma arrogante, presunçosa, alheio à realidade que vivemos” afirmou.
O Presidente de Cuba acrescentou ainda que “estás pessoas, que por vezes descrevemos como mendigos ou pessoas ligas à mendicidade, São, na realidade, expressões concretas das desigualdades e dos problemas” que o país enfrenta.
Cerca de 24 horas depois deste pronunciamento do Presidente Díaz-Canel, a ministra Marta Elena Feito apresentou a sua demissão, através de uma carta liga na televisão estatal cubana na quarta-feira.
Na carta de demissão, a governante reconhece que cometeu um erro ao fazer aquele pronunciamento.
A nota, citada pela agência Lusa, refere que a demissão foi aceite pelo comitê Central do partido comunista de Cuba (PCC) e pelo Conselho de Estado, por causa da falta de objectividade e sensibilidade com que a ministra, no cargo de 2019, abordou o assunto considerado como vital na sociedade cubana.