Sociedade
Venda de caixões “desenterrados”: o negócio de muitos coveiros com as agências funerárias em Luanda
Os cristãos celebram hoje o Dia dos Finados, data, em que, todos os anos, os cemitérios, em todo mundo, enchem-se de fiéis que vão visitar os túmulos dos seus entes queridos falecidos.
Na manhã de hoje, a equipa do Correio da Kianda passou pelas primeiras horas do dia, em três principais cemitérios municipais de Luanda para constatar e radiografar o movimento de pessoas.
Comparativamente aos dois anos anteriores, em que não se verificou a habitual romaria aos cemitérios da Província de Luanda, por decisão na altura, tomada pelo Governo Provincial de Luanda para se evitar aglomerado por conta da pandemia da Covid-19, hoje, os três campos santos começaram a registar o movimento de pessoas muito mais cedo, obrigando a Polícia a reforçar a segurança.
Passamos pelo cemitério do Catorze, município do Cazenga, quando eram por volta das sete horas, o movimento de pessoas já era visível por fora. Oito e quinze minutos estávamos a chegar ao Cemitério de Viana, onde também registamos uma enchente nas primeiras horas do dia. Cinquenta minutos depois entrávamos na rua do cemitério do Benfica, onde, logo a entrada, vislumbramos agentes da ordem reforçando a segurança.
Por ser uma data especial, vendedoras ambulantes fizeram-se em cheio nas portas dos três cemitérios por onde passamos. A venda de bebidas alcoólicas foi o que mais se viu.
Em conversa com um dos funcionários no Cemitério do Catorze, município do Cazenga, na perspectiva de procurar saber como tem sido o dia-a-dia de quem ali trabalha, uma denúncia foi feita por um dos coveiros, responsável, dentre outras actividades, pela preparação das covas e dos túmulos durante o funeral. Ao Correio da Kianda, um alegado negócio de caixões com as agências funerárias.
Segundo o mesmo, que não aceitou identificar-se nem gravar entrevista, trata-te de uma prática recorrente que se tem transformado num negócio rentável, mas arriscado.
“Boa parte dos cemitérios em Luanda tem coveiros que a noite desenterram os túmulos para retirar o caixão e voltar a vender nas agências funerárias”, disse.
“É uma prática recorrente, que até muitos dirigentes sabem”, concluiu, sem aceitar dar mais detalhes, por suspeitar de que estaria a ser gravado.
