Mundo
Netanyahu exorta drusos israelitas a não atravessarem a fronteira
O Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, exortou hoje os drusos israelitas a não atravessarem a fronteira com a Síria, depois de Damasco ter enviado forças governamentais para o sul do país para pôr fim aos confrontos envolvendo a comunidade drusa.
“Não atravessem a fronteira”, advertiu Netanyahu num comunicado, considerando a situação em Sweida que é a cidade da maioria drusa no sul da Síria.
Os confrontos continuaram hoje na cidade, que até então é controlada por combatentes drusos locais, e onde as forças governamentais sírias se posicionaram nesta terça-feira para travar a violência entre drusos e tribos beduínas.
Os drusos são uma comunidade esotérica descendente de um ramo do Islão também estabelecida em Israel.
O apelo do primeiro ministro surge, quando o Exército de Israel detectou tanto tentativas de “civis israelitas” de aceder ao território sírio pela fronteira oriental do país como de “indivíduos suspeitos” que tentaram entrar em território israelita.
Muitos drusos que vivem nos Montes Golã, ocupados por Israel desde 1967 e anexados em 1980, provenientes de populações como Majdal Shams, aproximaram-se com bandeiras drusas ao longo do dia de hoje da barreira que separa os dois países e alguns tentaram atravessar para o outro lado.
“Meus cidadãos drusos de Israel, a situação em Sweida, a situação no sudoeste da Síria, é muito grave”, afirmou Netanyahu, que garantiu que o exército está a agir na Síria com a Força Aérea.
Cerca de 24 mil drusos vivem em Israel e estima-se que entre 40% e 50% tenham passaporte israelita.
Israel advertiu a Síria contra “golpes dolorosos” após os ataques contra os drusos.
As palavras de Netanyahu ocorrem depois de informações que dão conta de que dezenas de drusos atravessaram hoje a fronteira entre a Síria e Israel em ambos os sentidos, pouco depois de avisos e ataques de Israel, que exige que Damasco retire as suas tropas do sul do território sírio.
Segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP), soldados israelitas e guardas de fronteira patrulhavam a fronteira marcada por muros de arame farpado com vários metros de altura perto da cidade de Majdal Shams, que relatou alguns incidentes na zona, nomeadamente o uso de gás lacrimogéneo pelas forças israelitas para tentar travar as incursões.
O exército israelita relatou ter identificado “dezenas de suspeitos” a tentar atravessar a fronteira a partir da zona de Hader, uma aldeia no sul da Síria ocupada por Israel após a queda do regime de Bashar al-Assad.
Novo Cessar fogo anunciado em Sweida
A Síria anunciou hoje um novo cessar-fogo em Sweida, onde foram relatados novos episódios de violência no dia seguinte ao envio de forças governamentais e grupos aliados para a cidade de maioria drusa.
Uma fonte do Ministério do Interior, citada pela agência oficial de notícias síria, Sana, anunciou ter sido “concluído um acordo para um cessar-fogo em Sweida e a mobilização de barreiras de segurança na cidade”, no sul da Síria.
Um primeiro cessar-fogo proclamado na terça-feira não foi respeitado e a violência causou mais de 300 mortes desde domingo, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma organização não-governamental (ONG) com sede em Londres e uma vasta rede de contactos em toda a Síria.
Segundo o OSDH, 69 combatentes drusos e 40 civis drusos foram mortos, “27 deles executados sumariamente” por membros das forças governamentais.
Além disso, 165 membros das forças governamentais e 18 combatentes beduínos, bem como dez membros das forças de segurança do governo, foram mortos em ataques israelitas, acrescentou.
Entretanto, em Jerusalém, um responsável militar israelita declarou que parte das tropas estacionadas na Faixa de Gaza vai ser reafectada para a fronteira com a Síria, onde Israel realizou ataques, que afirmou serem em defesa da minoria drusa.
“Uma das divisões actualmente a operar em Gaza, está a preparar-se para ser destacada para a nossa fronteira norte com a Síria”, disse o responsável militar a jornalistas durante uma conferência de imprensa.
Mais de metade do milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. Os restantes vivem sobretudo no Líbano e em Israel, incluindo nos montes Golã, que Telavive conquistou da Síria na Guerra de 1967 e anexou em 1981.
Com agências internacionais