África
Moçambique: quase três mil pessoas permanecem detidas após manifestações pós-eleitorais
Em Moçambique, um total de 2.740 pessoas continuam detidas na sequência das manifestações pós-eleitorais que ocorreram no país, de acordo com a Lusa, que cita a plataforma eleitoral Decide. Refere-se que, do grupo, 22 detidos vão beneficiar do indulto presidencial.
Segundo o director-executivo da Plataforma, Wilker Dias, que está desde segunda-feira a acompanhar o processo de indulto junto de várias penitenciárias de Moçambique, até ao momento, 22 pessoas poderão beneficiar-se do indulto, num universo de 2.740 cidadão detidos.
“Nós temos no nosso registo cerca de 2.740 pessoas e neste processo de indulto, [segundo] o registo que nós fizemos até agora, 22 pessoas é que poderão beneficiar-se”, disse.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, concedeu indulto a um total de 751 detidos, dos quais 578 pelo Dia da Família e também no âmbito da implementação do compromisso político para um Diálogo Nacional Inclusivo, “instrumento que promove a reconciliação, a paz efectiva e o fortalecimento da unidade nacional”.
Segundo Wilker Dias, menos de metade dos indultados é do grupo dos detidos durante as manifestações, considerando, por isso, que o processo é “mais para o inglês ver, do que propriamente para trazer a liberdade às pessoas”.
“Recebemos uma denúncia de que há pessoas que estão a ser extorquidas (…) para poder sair agora, caso contrário só vão sair em Janeiro”, disse o responsável, referindo que, do grupo de mais de 2.700 pessoas detidas, há quem não tenha a prisão legalizada e outros que não foram ainda a julgamento.
O director-executivo da Plataforma Decide apontou dificuldades para absolvição de mais pessoas, entre as quais referiu a identificação dos detidos e os custos de deslocação.
“Nas cidades os advogados conseguem chegar com muita facilidade. Nós mesmos também, por parte da sociedade civil, conseguimos nos deslocar com facilidade, mas nos distritos não. E é aí onde temos muita gente que precisa do nosso auxílio, mas infelizmente os custos acabam pesando muito”, lamentou.
