Politica
Disputa entre UNITA e PRA-JA pela paternidade da FPU é inútil, consideram analistas
A paternidade da Frente Patriótica Unida está a suscitar uma disputa desenfreada entre a UNITA e o PRA-JA Servir Angola, depois do anúncio de divórcio entre o “Galo Negro” e o partido de “Azul e Branco”, liderados por Adalberto Costa Júnior e Abel Epalanga Chivukuvuku, respectivamente.
Vale recordar, que as desavenças entre a UNITA e o PRA-JA começaram a surgir depois da legalização do antigo projecto político, e por os delegados ao Congresso constitutivo do PRA-JA ter recomendado ao Abel Chivukuvuku a dedicar-se exclusivamente a trabalhar para o engrandecimento do partido e concorrer isoladamente em 2027, com possibilidade de estabelecer contacto com outras forças políticas.
Entretanto, depois da UNITA e o Bloco Democrático terem tornado público o afastamento do PRA-JA daquela plataforma política, as duas forças continuam a disputa pela paternidade da FPU.
Sem gravar entrevista, um alto dirigente do PRA-JA disse à Rádio Correio da Kianda, que a FPU é consequência das acções do seu líder, Abel Chivukuvuku, e a história reconhece que foi o político que trouxe a cultura de coligação, tendo como exemplo a CASA-CE, afirmando que este pensamento de Chivukuvuku, evoluiu para FPU, por isso, disse ainda que, ninguém deve reclamar o título de propriedade “intelectual” daquela plataforma.
A Rádio Correio da Kianda sabe que, a UNITA, afirma que, a iniciativa da FPU foi uma das bandeiras do então candidato ao XIII Congresso ordinário do “Galo Negro”, Adalberto Costa Júnior, pelo que, é propriedade legítima da maior força política na oposição em Angola.
Sobre o assunto, o jornalista, José Gama, disse que a UNITA desde os anos 60 e 70, por intermédio de Jonas Savimbi, já defendia a criação de uma ampla frente para enfrentar o regime colonial, em 1992 e voltou a defender a constituição de uma frente, e colocou na lista de deputados da UNITA membros que tinham aderido agora ao partido.
O antigo Presidente, Isaías Samakuva, também procurou congregar pessoas que não eram da UNITA nas eleições de 2012 e 2017, o actual líder do “Galo Negro” Adalberto Costa Júnior, voltou a seguir esta mesma linha partidária.
O profissional da Comunicação Social, pensa que o PRA-JA pode e está no direito de criar uma outra plataforma política, e apela que, o importante é lutar para não defraudar a expectativa do povo angolano nas eleições de 2027.
Por seu turno, o politólogo, Rui Kandove, considera que a alegada disputa de território não faz sentido, embora reconheça que Chivukuvuku tem razão por ter sido o promotor da primeira coligação CASA-CE, que teve um resultado estrondoso com 8 depois 16 deputados, mas acredita que quem consolidou a Frente Patriótica Unida, foi a UNITA.
Já, o constitucionalista Rui Verde, refere que a paternidade da FPU é algo completamente indiferente, porque, como já se referiu várias vezes, a Frente Patriótica Unida, não tem personalidade jurídica, constituindo uma ideia de publicidade, marketing e uma ideia política que não passou de uma ideia, porque, na realidade quem concorreu às eleições de 2022, foi a UNITA.
Pelo que “a discussão se foi a UNITA ou foi o PRA-JA quem teve a iniciativa é totalmente estéril. Porque não há uma iniciativa real registada do ponto de vista jurídico”.
Rui Verde disse ainda que o que houve foi uma espécie de “bandeira de marketing, de bandeira publicitária que resultou”.