Sociedade
CEAST condena uso excessivo da força durante a repressão dos actos de vandalismo

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) condenou, esta terça-feira, 05, em Luanda, o uso desproporcional da força por parte das autoridades, durante as repressões dos actos de vandalismo resultantes da recente greve dos taxistas, que provocou distúrbios em várias províncias do país.
Em conferência de imprensa, o porta-voz da CEAST, Padre Celestino Epalanga, manifestou preocupação com o recurso à violência na gestão de manifestações sociais, sublinhando que a repressão não pode ser a resposta do Estado às vozes do povo.
Segundo o líder católico, é inaceitável que cidadãos desarmados sejam alvos de força excessiva, mesmo nos casos em que se registem actos de vandalismo ou confrontos. A CEAST considera que o diálogo e a escuta activa são as vias mais legítimas num Estado que se diz democrático e de direito.
Padre Epalanga apelou ainda a uma reflexão profunda sobre as causas das manifestações, alertando que a crescente insatisfação popular está ligada à degradação das condições de vida, desemprego, e ausência de respostas eficazes por parte do Governo.
O especialista em Administração Pública, Denílson Duro, considerou hoje que “existe um divórcio claro entre as instituições públicas e o povo”, situação que, segundo ele, compromete a confiança dos cidadãos nos órgãos do Estado e enfraquece os alicerces da governação participativa.
Durante um debate sobre os limites do protesto e a resposta do Estado, promovido pela Rádio Correio da Kianda, o académico apontou que as instituições muitas vezes falham em escutar, interpretar e dar resposta às reais necessidades da população, o que contribui para o aumento da frustração social e manifestações de descontentamento.
Por sua vez, o sociólogo Agostinho Paulo defendeu a necessidade urgente de implementar, de forma prática, políticas públicas que estejam verdadeiramente alinhadas com as preocupações do povo. Para o especialista, o país precisa sair do plano teórico e discursivo para a execução concreta de acções sociais, especialmente em áreas como o emprego, habitação, educação e saúde.
Ambos os intervenientes convergem na ideia de que a melhoria da relação entre o Estado e os cidadãos passa pela escuta activa, transparência, diálogo e pelo fortalecimento das instituições democráticas.