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Angola e África do Sul dinamizam parceria depois de especulações sobre caminhos geopolíticos opostos

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A visita que o Presidente João Lourenço realizou esta semana à África do Sul estava prevista para Novembro de 2023, mas acabou por ser adiada e reagendada para uma data em que também não se realizou. Todos estes adiamentos ocorreram numa altura de grave tensão política e militar a nível mundial, com a oposição do Ocidente em relação à intensificação dos ataques russos sobre a Ucrânia, num momento em que também Israel aumentara os ataques sobre a Palestina. E enquanto Pretória olhava parcialmente do lado em relação à destruição e mortes causadas por Moscovo em Kiev, ao mesmo tempo movia recursos diplomáticos e jurídicos para isolar e condenar Telaviv, face aos ataques deste sobre os palestinos. Já Luanda, que realinhou as relações com Washington, criticava imensamente Moscovo, e embora faça críticas a Telaviv e ao Hamas, mantem relações de proximidade com a mais vibrante democracia do Médio Oriente.

João Lourenço, Presidente angolano, e o seu homólogo da África do Sul, Cyril Ramaphosa, este que na sequência da vontade popular expressa nas urnas, viu-se obrigado a ter de coligar-se com partidos na oposição para formar Governo, voltaram a olear as relações entre os dois países.

Para diferentes observadores, Angola e a África do Sul, na qualidade de nações mais poderosas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), têm, em conjunto, potencial para colocar o continente na agenda mundial, atrair mais investidores internacionais para os diversos países da região, levar os líderes mundiais da necessidade de reformulação da ONU, bem como convencer o mundo de que com empenho genuíno e dedicação, pode-se pôr fim às longas guerras da República Democrática do Congo, bem como da República Centro Africana.

E o facto de agora a África do Sul presidir o G20 – Grupo das 20 maiores economias do mundo, é apontado como uma “via expressa” para que a agenda africana encabece a lista de temas em discussão nos mais importantes fóruns mundiais.

Apesar de ser a África do Sul que se encontra a liderar o G20, refere-se que ela sozinha não dará conta da necessidade africana, nem que seja apenas da região, pelo que se apela a uma maior cooperação com Angola, tendo em conta também a experiência e influência de Luanda junto das maiores potências mundiais.

Mas, para diferentes sectores, Luanda e Pretória não têm estado muito alinhados, e sublinha-se que as dinâmicas globais, impostas por forças alheias ao continente, têm colocado, nalgumas vezes, essas duas importantes capitais da SADC em lados opostos.

Por exemplo, essa visita que o Presidente João Lourenço efectuou agora à África do Sul, devia ter lugar já em 2023. De acordo como uma notícia do Club-k, a viagem estava inicialmente prevista para o dia 7 de Novembro, mas acabara por ser remarcada para o dia 10, tendo mais tarde a equipa responsável pelos preparativos optado por adiar a visita para uma data posterior a ser anunciada.

Entretanto, vaticina-se, nalguns sectores, que estes adiamentos terão ocorrido por conta de factores geopolíticos determinados pelas diferentes potências que lutam pela liderança e/ou correlação de força mundial.

E essa narrativa de que o aparente desalinhamento entre Luanda e Pretória às vezes ocorre por interesses externos, ganha ainda mais força pelo facto de os constantes adiamentos da visita de João Lourenço à África do Sul ter ocorrido, sem explicação plausível, numa altura de grave tensão política e militar a nível mundial, com a oposição do Ocidente em relação à intensificação dos ataques russos sobre a Ucrânia, e numa altura em que Israel igualmente intensificara seus bombardeios sobre a Palestina.

Enquanto Pretória olhava parcialmente do lado em relação à destruição e mortes causadas por Moscovo em Kiev, ao mesmo tempo movia recursos diplomáticos e jurídicos para isolar e condenar Telaviv, face aos ataques deste sobre os palestinos. Já Luanda, que realinhou as relações com Washington, criticava imensamente Moscovo, e embora faça críticas a Telaviv e ao Hamas, o grupo palestino que iniciou com o referido conflito militar, mantém relações de proximidade com a mais vibrante democracia do Médio Oriente.

A África do Sul, entretanto, chegou mesmo a cortar relações com Israel, advogando que o exército judeu está a cometer genocídio na Palestina. Mas o contraste nessa postura sul-africana é que a Rússia tem igualmente fustigado a sua vizinha Ucrânia, mas da África do Sul assiste-se silêncio quanto a esse facto.

Para Israel, a África do Sul tornou-se num território perigoso para os judeus, tendo em conta que o corte nas relações entre os dois países tenha sido determinado pelo próprio Parlamento sul-africano, a Legislatura Bicamaral do país, formada pela Assembleia Nacional e o Conselho Nacional de Províncias.

Observadores referem que a África do Sul radicalizou-se, inclusive com o Ocidente e seus interesses, como resultado do antagonismo entre os países ocidentais e os BRICS, organização em que a África do Sul faz parte com a Rússia, China, Brasil e Índia.

João Lourenço condecorado na sua visita de realinhamento à Pretória

O Presidente da República, João Lourenço, seguiu viagem na quarta-feira, 11, à África do Sul, para uma visita de Estado de dois dias, tendo sido logo pela manhã dessa quinta feira, condecorado pelo seu homólogo Cyril Ramaphosa, com a Ordem da África do Sul, a mais alta distinção sul africana.

Durante a visita foram discutidos entre outros temas, a cooperação no sector da energia, defesa, ensino superior, educação, cultura e juventude e desportos.

Entretanto, João Lourenço manifestou igualmente certo desalento com o andamento dos vários acordos já rubricados, e apelou para que se fizesse uma avaliação técnica dos acordos jurídicos já assinados entre os dois países há décadas.

Duas nações desde o ano de 2000, visando tornar os respectivos documentos funcionais e eficientes para o bem estar dos cidadãos dos dois países.

“Temos também a necessidade de se realizarem com maior frequência reuniões da comissão bilateral de cooperação para a dinamização da cooperação económica e empresarial”, disse João Lourenço, que regressou a Angola no fim do dia de ontem.

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