Politica
Analistas reagem às acusações de suborno e compra de mandato por PR da UNITA
Alguns analistas reagiram, esta terça-feira, 08, à Rádio Correio da Kianda, sobre a manifestação, dos órgãos de Apoio ao Presidente da República, sobre as declarações públicas proferidas por Adalberto Costa Júnior, insinuando alegadas tentativas de suborno por parte de “emissários” do Chefe de Estado.
O analista político, Eurico Gonçalves, disse que os presentes pronunciamentos de Adalberto Costa Júnior representam “a expressão e o carácter do bloqueio democrático”.
Eurico Gonçalves prevê “vários impactos negativos tanto na imagem, quanto na marca política do partido do galo negro”.
Entretanto, em seu pronunciamento, o politólogo João Mateus sugere que sejam avaliadas minuciosamente as acções em volta do presente cenário, com vista a não se colocar em risco a própria democracia.
Continua, dizendo que este tipo de confronto pode desviar o foco das principais preocupações do país, como o combate à pobreza e a melhoria dos serviços públicos.
Por seu turno, o jurista Manuel Cornélio, disse que a questão que envolve duas das figuras mais proeminentes do panorama político nacional pode ser descrita como um crime de Estado, entretanto, reserva-se ao Presidente da UNITA, o direito de provar as declarações públicas proferidas que insinuam alegadas tentativas de suborno por parte de “emissários” do Chefe de Estado.
Manuel Cornélio manifestou-se surpreso pelo facto de a Presidência da República exigir que o assunto chegue a tribunal.
Num comunicado divulgado esta terça-feira, a Presidência da República instou o Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, a dizer publicamente “quem foi o mandatário do Presidente que o tentou subornar para se alterar a Constituição da República de Angola para que preveja a possibilidade de um terceiro mandato, sob pena de serem accionados os competentes mecanismos constitucionais e legais de responsabilização civil e criminal”.
Em causa estão declarações feitas por Adalberto Costa Júnior, no programa “Economia sem Makas”, de que teria sido contactado para o fim acima mencionado.
“Não corresponde a verdade que o Presidente da República tenha mandatado qualquer cidadão para abordar o Presidente da UNITA com vista a revisão da Constituição para se prever um terceiro mandato”, lê-se no comunicado, que ressalta, igualmente, o facto de que “a Constituição da República de Angola foi revista em 2021, por iniciativa do Executivo, numa altura em que o partido maioritário detinha uma maioria qualificada que lhe permitia aprovar a revisão constitucional sozinho, e nunca essa questão fora colocada”.
Desafiou, igualmente, a Adalberto Costa Júnior a dizer publicamente “quem pagou, quanto pagou e a quem se pagou para que Angola assumisse a Presidência da União Africana.
Conforme o Correio da Kianda publicou anteriormente, o líder da UNITA colocou em causa a legitimidade da vez de Angola assumir a presidência da organização.
Segundo já avançado anteriormente por este jornal, a presidência rotativa da União Africana (UA) para o período 2025-2026 cumpre rigorosamente os princípios de rotação geográfica definidos pela organização continental.
De acordo com o regulamento da União Africana, a presidência do organismo e da sua Comissão obedece a um sistema rotativo com base nas cinco regiões geopolíticas do continente – Central, Oriental, Norte, Austral e Ocidental, seguindo a ordem alfabética inglesa.
De acordo com a nota da Presidência, “insinuar que o nosso País tenha pagado para assumir tão importante e dignificante posição no quadro da União Africana é, não só irresponsável, como anti-patriótico, porquanto mancha a imagem e o bom nome de Angola e descredibiliza a União Africana”.
A nota ressalta que “só um não patriota não se sente orgulhoso de ver o seu País ocupar um lugar de grande relevância, destaque e prestígio ao nível do nosso continente”.