A voz do Cidadão
A cultura do Orçamento Familiar
As crises económicas e financeiras que o país vive tem afectado grandemente a estrutura familiar e, o seu agravamento com aumento do preço do combustível, o aumento generalizado dos preços da cesta básica, o aumento da taxa de desemprego e a perda do poder de compra tem sido motivos para criação de novos hábitos financeiros.
Depois da covid-19 instalou-se uma consciência de valorização dos produtos dos campos e grandes mudanças no comportamento de consumo, como o recurso a alimentos com grande teor nutritivo, as pessoas tornaram-se mais responsáveis nas suas escolhas.
Em termos de contenção, as famílias criaram alternativas como procura de preços mais baixos, a prática da junção de dinheiros de 3 a 5 pessoas para aquisição de uma unidade de alimentos pelo preço aplicável à grossista para de seguida submeter a partilha, prática vulgarmente denominada “sócia”, permitindo assim a compra de produtos que individualmente não seriam capazes em virtude do preço.
Este quadro de alta da taxa de desemprego, a perda do poder de compra das famílias e o aumento da taxa de inflação criou igualmente no seio de muitas famílias o hábito de elaborar o orçamento familiar.
O Orçamento Familiar constitui a forma mais eficaz de assegurar o estilo de vida definido, ter uma vida estável e segura, bem como mudar a condição de vida e realizar sonhos.
O Orçamento Familiar é um plano de controlo e gastos da renda familiar que permite tomar as melhores decisões financeiras quando se trata de despesas familiares, assegurar que o rendimento mensal seja capaz de atender as necessidades mensais, sem necessidade de pedir ajuda a parentes e amigos ou pedir emprestado para acudir as despesas correntes da família e proporciona a possibilidade de realizar sonhos e mudar de vida.
O Orçamento Familiar é usado pelas famílias prósperas e abastadas porque as famílias pobres acreditam que o orçamento familiar são tabelas de Excel, complexas que exigem conhecimentos de contabilidade e, por conta desta errónea narrativa deixam de cuidar do dinheiro.
Esta importante ferramenta de gestão financeira permite é feita mediante reuniões mensais com todos os membros da família que têm rendimentos e, numa folha de papel, é registada toda a renda mensal, quer seja salários, subsídios, renda extra ou qualquer outro rendimento mensal, por um lado e todas as despesas correntes e variáveis, por outro lado.
A partir desta tabela são tomadas as decisões, separando o que será aplicado a alimentação, às contas correntes (água, energia, tv, saldo de voz, internet, barbearia), poupança, doação. É desta forma que muitas famílias estão a sair da condição de pobreza para uma vida estável, segura e próspera.
Por Salvador Ramos
Advogado e Treinador Financeiro
