Educação Financeira
Educação financeira: a tala, o feitiço
A nossa sociedade (ainda) insiste em acreditar ou ter crenças no obscurantismo, em poderes sobrenaturais, especialmente, em fazer mal a alguém (lançar Tala), essencialmente para prejudicar terceiros. Por Tala pode entender-se por feitiço, coisas do demónio, Satanás – o Diabo. É um pó que atiram e fica a inflamar o braço ou uma perna. A partir do contacto com esse pó que é previamente preparado e lançado num objecto e se esse alguém tocar, pode contrair-se ou adquirir uma doença, que surge em primeiro grau com inchaço ou inflamação e que depois se espalha pelo resto do corpo. De uma forma resumida pode dizer-se que Tala é algo ligado a feitiço.
Associando o tema à inteligência e à educação financeira, o querer o mal de alguém pode provir de vontade de vingança, de inveja, ciúmes, ódio a alguém. Quando temos em mente este tipo de sensações, a nossa cabeça está ocupada com coisas más ou ruins. Quando uma pessoa que quer lançar Tala, a sua ansiedade está direccionada para a aquisição de tais produtos, que nos mercados podem ser comprados por 100, 200 Kwanzas. Devemos preocupar-nos mais em fazer o bem do que o mal, em poupar e em investir do que a gastar o nosso precioso tempo e dinheiro a tentar prejudicar as pessoas.
O que está subjacente a esta crença da Tala é o medo. O medo de que tenham inveja de nós e nos façam mal por isso. O medo do desconhecido, de uma doença que não entendemos a sua origem e as suas consequências. O medo do feitiço, das histórias que ouvimos de ouvir dizer, desde tenra idade. O medo da doença. O medo de que podemos morrer. O medo de morrer.
Se foi arranjou emprego, se foi promovido(a), parabéns, mas saiba, mais do que provavelmente, há gente que não gostou desta sua boa notícia. Trabalhe, seja honesto(a), faça parte da equipa, entenda o funcionamento do grupo de trabalho, mas esteja atento(a) aos sinais. Esses sinais, se existirem, não devem criar excesso de ansiedade em si ou a percepção dessa ansiedade nas relações inter-pessoais, a fim de evitar distorções no seu pensamento, do tipo:
– Pensamento do tudo ou nada: se aceitar a tal promoção na sua empresa, irão os outros com inveja e vão querer-me mal?
– Sobregeneralização: todos os meus colegas têm inveja de mim;
– Filtro mental: aqueles dois estavam a olhar para a copa, depois para mim e começaram a rir. Uma das colegas também olhou de uma forma estranha para mim;
– Desqualificar o que é positivo: se os outros directores estão felizes, têm sorte, mas a sorte pode mudar;
– Tirar conclusões precipitadas: as colegas, entram sempre na copa depois de eu deixar lá a comida. Querem envenenar-me.
– Catastrofização: estou com um formigueiro nas pernas, daqui a pouco não vou conseguir andar;
– Raciocínio emocional: se eu sinto, é porque é verdade. A Tala existe e funciona.
Os sintomas causam sintomas. O medo causa ansiedade, que nos faz acreditar que o pior vai acontecer, e isso aumento o pânico até acreditarmos que vamos morrer. A solução passa pelo questionamento dos nossos pensamentos e crenças e abrirmo-nos a provas reais e factuais.
Vamos pensar além do medo. Vamos ser fortes e alcançar a liberdade mental para estarmos bem a nível financeiro.
Artigo 151
(CLI – em numeração romana)