Economia
Superadas inconformidades do navio Baía Farta
As principais inconformidades detectadas no navio Baía Farta, em 2018, ainda no percurso Roménia- Angola, foram já superadas. A garantia foi dada no ultimo sábado em Luanda, pela Secretária de Estado para as Pescas, na visita de constatação efectuada à embarcação depois da viagem de testes realizadas de 1 a 8 de Abril corrente. As inconformidades do navio de pesquisa foram detectadas ainda no percurso Roménia/Angola, o que obrigou a um período de negociações para a reparação.
O navio, que se encontra atracado na base naval de Luanda, desde a ultima sexta-feira, 08, apresenta-se “optimamente”, aguardando a próxima fase de testes, depois de dois anos de negociações entre o governo angolano e a empresa Damen que construiu. O navio foi comprado para desenvolver investigação a favor do Instituto de investigação marítima afecto ao ministério da agricultura e pescas.
A secretária de Estado Para as Pescas, Esperança Costa, explicou a imprensa que o navio apresentou, durante o percurso para Luanda, “algumas não conformidades” que impossibilitam desenvolver as actividades para as quais foi construído, o que levou a que o Estado angolano, através do departamento ministerial correspondente negociasse com a empresa romena para reparação das inconformidades, dentro dos prazos de garantias no contrato.
A Secretária de Estado avançou, por outro lado, que a pandemia da Covid-19 tornou “difícil a recuperação das inconformidades, em 2020”. De novembro de 2020 a fevereiro de 2021 tiveram lugar as negociações e ficou acordado a prorrogação do período de garantia do navio, uma vez que o prazo anterior venceu em maio do ano passado. A com base nisso, explica ainda a governante, foi elaborado um programa de testes para avaliação do grau de resolução e de recuperação das não inconformidades.
A referida avaliação foi feita por uma equipa integrada também por seis técnicos angolanos do Instituto de Investigação Marinha, das áreas de oceanografia, biologia pesqueira, engenharia naval, que fizeram primeiros testes de 01 a 08 de Abril corrente. Esperança Costa garantiu, entretanto, que estas não conformidades não inviabilizam a navegabilidade da embarcação, tendo avançado que as mesmas estão relacionadas com os instrumentos de medida usados para o estudo dos recursos auriéticos, em termos de oceanográficos e em termos de biologia pesqueira.
Já a directora do Instituto de Investigação Marítima, Filomena Vaz Velho, que integrou a equipa que efectuou a recepção do meio, referiu que na viagem de teste, efectuada ainda em 2018, detectou-se que os guinchos não davam a precisão inicialmente pretendida, apesar de terem funcionado na sua plenitude.
“Intervenção iniciou em Março de 2020, interrompida pelo problema da pandemia da covid-19, o que levou, a que os técnicos retornassem aos seus países”, explicou, garantindo ainda que “neste momento o navio continua em fases de testes”, tendo sido já efectuadas duas, faltando apenas uma para depois receber a certificação por especialistas em construção naval e sistema de guincho, para permitir ao governo angolano aceitar as reparações que foram feitas, com um novo período de garantias, para cobrir toda a avaria que o navio vier a apresentar dentro de um ano.
Questionada sobre as medidas a tomar, na eventualidade de não serem ultrapassadas as informidades, Filomena Vaz Velho, respondeu que o construtor será obrigado a retirar o navio de Angola para um estaleiro fora do país, e se haver necessidade deverá mesmo ser substituído.
A directora do instituto Nacional de Investigação pesqueira, reafirmou ainda que toda a parte mecânica do navio está funcional, a julgar pelos testes feitos “dentro da nossa zona económica exclusiva – para apanhar as profundidades mais baixas- e também em águas internacionais”, tendo dito ainda que o facto de a densidade e o tipo da água, bem como a pressão da água sobre os guinchos afectaram o desempenho dos equipamentos de pesquisas, levaram a que os testes fossem feitos também em águas internacionais.
O comandante do Navio Baía Farta, Mário Alexandre, considerou o navio “uma joia que precisa de ajustamentos na parte mais sensível, que são os equipamentos científicos”, tendo dito que este processo que está a passar o navio Baía Farta não é inédito, pelo que já ocorreu em outros navios de outros países.
Nos oito dias de testes o navio “navegou optimamente. Fomos até cerca de 200 milhas a Oeste de Luanda, e portou-se optimamente. Com uma velocidade de 200 nós, de 20 KM /h, extremamente manobrável”.
Segundo Mário Alexandre, as não conformidades detectadas no navio podem provocar acidentes, caso não sejam reparados antes de a embarcação entrar em funcionamento.
Uma visita guiada ao interior do navio permitiu apresentar aos jornalistas todos compartimentos e equipamentos do Baía Farta, que possui três geradores, dois motores de proporção, controladores electrónicos, um moto eléctrico, uma praça de pesquisa, duas câmaras catalisadoras, ainda laboratório de água, ambiente e de química, além de dois congeladores com temperaturas negativas mínimas atingíveis em menos tempo.
A quando da sua aquisição a previsão era de que a partir de 2018 a embarcação iniciasse as operações de pesquisa marinhas, permitindo desta forma aumentar a capacidade de investigação nos mares nacionais.
Sobre o navio Baía Farta construído na Roménia pela empresa Damen Schelde Naval Shibuilding, entre 2014 e 2017, o navio Baía Farta tem capacidade de lotação de 51 pessoas, para igual numero de quartos, 29 das quais tripulantes, e 22 técnicos/investigadores.
Está preparado para operações de Arrasto Pelágico, e demersal, cerco, diversos tipos de amostragem, pesquisa acústica, operações de recuperação de hidrocarbonetos, reboque de emergência e operações hidráulicas. Os seus laboratórios estão reparados para análise ambiental, químico, seco, pescado fresco e processamento de pescado.
Esta equipado com duas redes, duas quilhas retrateis para movimentar os transdutores científicos, três tipos de sondas, uma das quais de águas profundas, sistema de telemetria e vídeo vigilância, sensor de alta precisão para altitude, direcção e posicionamento, uma estação meteorológica científica.
Em termos de dimensão o Baía Farta tem um cumprimento de 74,10 metros em FF e 66,5 em PP. A boca moldada é 16,40 metros, a calada moldada é de 5,90 metros. Já o bordo livre varia entre 1220 no verão e 1339 no inverno e tem o espaço entre balizas de 600 mm.
Já a sua capacidade de arqueação Bruta é de 3208 toneladas, a líquida é de 936 toneladas e o porte é de 976 toneladas.
A grua Ré tem a capacidade máxima a variar de 8 toneladas para 15 metros e 12 toneladas para 10 metros. A grua meio é de 2,5 toneladas para 6 metros, a grua vante é de 1,5 toneladas para 8 metros e o tuco guincho é de 6 toneladas para 2,5 metros, entre outros.
No que ao armazenamento diz respeito, o tanque de combustível é de 430 metros cúbicos, óleo Lubrificação de 16 metros cúbicos, para o óleo hidráulico a capacidade é de 15 metros cúbicos, a agua doce éec132 metros cúbicos, e o seu esgoto sanitário é de 20,32 metros cúbicos.
O Navio Baía Farta tem sua velocidade normal estipulada em 13 nós, e a de teste em 15 nós. A sua força de atracção é de 30 toneladas, e tem uma autonomia de 9000 milhas náuticas, equivalentes a 29 dias/13 nós.
A maquinaria da embarcação é composta por dois motores eléctricos de 1650 kw, de funcionamento silencioso, ainda grupos geradores, um dos quais, de emergência de 125 kw,
