Sociedade
Namibe: nyanekas e kuvales acusados de violarem regras de resolução do conflito
O administrador do Camucuio, Manuel Canivete, denunciou na terça-feira que cidadãos Nyanekas e Cuvales estão a violar duas das 21 regras de convivência definidas a 13 de Setembro em Moçâmedes.
“As regras visam resolver o conflito entre estas etnias do Camucuio e Cacimbas e o seu desrespeito fere os esforços diplomáticos do governador Archer Mangueira. Da parte dos Cuvales, ainda há alguma resistência, por parte de alguns, no cumprimento destas regras, de forma mais específica, o que é o mais objectivo, quando tiverem que ir para Omoluvei, levarem consigo as guias de transumância”, disse.
Explicou que a guia de transumância contém o nome do proprietário da manada, os pastores que estão a levar o gado e a quantidade de efectivo bovino, o número de machos, e de fêmeas, nema e vitelo.
“E essa guia de transumância do gado deve ser apresentada à autoridade máxima tradicional daquela localidade, no caso do Omoluvei. E, do outro lado, no Omoluvei e nas Cacimbas, há também uma certa resistência, por parte de alguns moradores, em receberem os indivíduos da etnia Cuvale, principalmente aqueles que perderam os seus familiares nesses conflitos”, afirmou.
O soba do Omoluvei, Ngunuka Pequenino, relatou que continua a receber ameaças de morte e aguarda a prometida visita do governador à sua localidade.
“Eu não estou seguro. A polícia está lá. O polícia está numa parte. Eu estou a dormir nos quimbos. Eu tenho familiar com alguma metade de animais. Não tem como viver no quartel. Até aqui, se o governo me desse, mais ou menos, um lugar no município das Cacimbas, para eu andar e visitar o próprio Omoluvei, para mim seria melhor”, desabafou reprovando o modo de vida que leva, caracterizado por perigo.
“Não é dessa forma que eu estou a viver. Eu estou a ver que o governo me botou fora”.
Aquela autoridade tradicional acrescentou que o governo prometeu instituir alguém de confiança da comunidade.
“Como eles têm amigos em Inhaneca também, os mucubais. Um amigo deles em nhaneca me diz a mostrar de onde eu mudei agora, para um dia à noite me agredirem e as coisas ficarem normais para eles”, finalizou.
O padre Domingos Chonde, representante do Bispo da Diocese do Namibe, sublinhou na 3ª reunião de alto nível que todos os esforços devem focar-se na reconciliação das partes.
“É verdade, aquilo que está a acontecer é uma situação que está a assolar todos nós e a Igreja não podia estar fora deste acontecimento. O que nós trouxemos para este encontro, para estas comunidades, é dizer aquela palavra de paz, de reconciliação, que as duas culturas devem se unir. De certa maneira, segundo a história, são culturas irmãs que sempre caminharam juntos”.
A via diplomática para a Resolução do Conflito que opõe Inhanecas e Covales dos municípios das Cacimbas e Camucuio está activa desde 18 de agosto, com o governador Archer Mangueira a apelar, reiteradamente, à convivência pacífica e à gestão colectiva dos recursos naturais.
Lembrar que em Agosto deste ano, registou-se um conflito étnico entre mucubais e Nhaneca-Humbis, afectos aos municípios do Camucuio e das Cacimbas, no Norte da província do Namibe, tendo resultado em mais de 10 mortos, além de vários feridos, o que obrigou a intervenção das autoridades governamentais.
