Crônica
Do bairro ao brilho: Chico Banza e a vitória de quem nunca desistiu
Nem sempre a vida começa num estádio com luzes fortes. Às vezes, começa num campo de terra, com bola de trapo e sonho nos olhos.
Assim foi com Chico Banza, um rapaz do município do Mungo, na província do Huambo, que aprendeu cedo que para vencer, primeiro é preciso resistir.
Chico não nasceu em berço de ouro. Como tantos outros jovens angolanos, teve de driblar a falta de condições, de oportunidades e de visibilidade. Mas tinha uma coisa que nem todos têm: determinação inabalável. E foi essa garra que o levou do bairro ao futebol europeu, ainda que em clubes pequenos, longe das câmaras e dos grandes contratos.
Já em Portugal, o salário era pouco mais que um sopro 200 euros por mês, sem luxo, sem fama. Morava em casas do clube, às vezes partilhando com outros colegas, dividindo o prato e os sonhos. Muitos teriam desistido. Mas Chico? Chico apertava os cordões das chuteiras e seguia firme.
Do Leixões ao Marítimo, do Chipre ao Estrela da Amadora. Cada jogo era uma batalha silenciosa. Cada treino, uma declaração de fé. Até que chegou a proposta: o Zamalek do Egito, gigante africano, estendia a mão. E Chico aceitou, com humildade e foco.
A estreia foi tímida, o banco familiar. Mas no momento certo, como quem espera a colheita após anos de semente, o golo chegou. Entrou na segunda parte e, aos 81 minutos, decidiu o jogo. Zamalek 5 – Shams SC 4. E o nome dele ficou ali, gravado no placar, mas acima de tudo, no coração de quem sonha como ele.
Mensagem aos jovens angolanos:
Se estás num campo de terra, joga com alma.
Se te faltam chuteiras, corre descalço.
Se ninguém acredita em ti, acredita o dobro.
Porque a vida não premia só os talentosos. Premia os persistentes.
Chico Banza não é apenas um jogador.
É símbolo de resistência, de fé e de superação.
E a próxima história de superação…
pode ser a tua.