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Como transformar a convicção do PRA-JA em ser governo ou parte do governo em 2027 em realidade? (Parte II)

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O maior desafio do PRA-JA Servir Angola é descobrir os instrumentos que irá usar para atingir um dos seus principais objectivos que é ser governo ou fazer parte do governo nas eleições de 2027. Este tem sido o discurso crucial daquela formação política que vai realizar o seu I Congresso Ordinário Constitutivo, nos dias 19, 20. 21 e 22 de Maio do ano em curso.

O PRA-JA define-se como partido do Centro, segundo a ciência política, os centristas não defendem o socialismo nem capitalismo absoluto, mas veem a necessidade de conciliar o capitalismo com atenção às carências sociais numa democracia, podendo ser mais culturalmente liberais. Para eles, não deve haver extremismos ou intransigências na sociedade.

Esta pode ser a razão que leva os seus servidores a se afirmarem como o partido mais inclusivo de Angola, uma vez que admitem colher alguns valores do MPLA, de António Agostinho Neto, partido que sustenta o Executivo, que tem como um dos seus principais valores “o mais importante é resolver os problemas do povo”, bem como da FNLA, fundado por Álvaro Holden Roberto, que defende “Liberdade e Terra”, e da UNITA, de Jonas Malheiro Savimbi, que tem como divisa “primeiro o angolano, segundo o angolano e terceiro o angolano”, não obstante o actual coordenador daquela força política nos seus discursos, deixar de evocar Jonas Savimbi como seu mestre.

Os partidários do PRA-JA, alegam que são contra a sectarização social, por isso, ao afirmar que em 2027, serão governo ou parte do governo, que “não importará com quem fazer aliança em 2027”, desde que tenham aproximação de ideias, e apontam a plataforma Frente Patriótica Unida “UNITA, Bloco Democrático, PRA-JA e alguns actores da sociedade civil” como um dos instrumentos para a conquista do poder, ou ainda a criação de um novo ente “coligação de partidos”, para a prossecução deste desígnio, embora neguem a possibilidade de aliar ao MPLA.

A UNITA não vê com bons olhos a intenção do PRA- JA de transformar a FPU em coligação, o que pode causar danos à liderança de Adalberto Costa Júnior, que vai ao crivo dos delegados no durante o XIV Congresso Ordinário, aprazado para finais deste ano, face ao ambiente de contestação interna, por alegado desvio ideológico, e a própria FPU poderá acarretar alguns custos políticos na esfera de ACJ, por isso, as relações se apresentam como azedas nos últimos tempos.

Por outro lado, o Bloco Democrático outro ente da FPU está “na corda bamba”, diante deste cenário, o partido liderado pelo economista, Filomeno Vieira Lopes, tem duas saídas para a sua sobrevivência, a primeira é concorrer a solo, e a segunda por via de uma coligação, não devendo participar no pleito de 2027, no formato atípico como o de 2022, sob pena de ser extinto por força da Constituição da República de Angola.

No meio da indefinição, as formações políticas que integram a Frente Patriótica Unida, procuram a todo custo puxar a brasa para a sua sardinha e, desencadearam uma “ofensiva” de mobilização interna com vista potenciar as suas oficinais, só para citar, que um dos filhos do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, foi apresentado recentemente como militante do PRA-JA,

A semana finda, a jovem Ginga Savimbi, pôs fim a sua militância no “galinheiro” embora não seja oficial, alega-se que a antiga mobilizadora-mor do ACJ, durante o XIII Congresso do “Galo Negro”, pode estar de malas aviadas para o Maculusso, sede nacional do PRA-JA, a se confirmar, embora alguns membros da UNITA estejam a desvalorizar a saída da jovem política com 29 anos de idade, representa uma baixa, saberá o PRA-JA utilizar o potencial de Ginga Savimbi? Que repercussões ou danos poderá causar ao “Sovsmo”?

A Rádio Correio da Kianda sabe de fonte segura que, o Bloco Democrático também poderá sofrer deserções de alguns quadros a favor da UNITA, a migração está a vista, assim como o PRA-JA perdeu alguns militantes “pesos pesados” a favor do Galo-Negro, pelo que poderemos assistir a transferência de muitos militantes de um partido para o outro, dentro da Frente Patriótica Unida.

Candidaturas à Presidência do PRA-JA

Abel Chivukuvuku, nas vestes de Coordenador Geral do PRA JA Servir Angola, sempre defendeu que aquela agremiação, é pela democracia e pluralismo, assente no plasmado da Constituição da República artigo 2 nº, que refere que “ A República de Angola é um Estado democrático de direito que tem como o fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, a separação de poderes e independência de funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e de organização política e a democracia representativa e participativa”, pelo que, segundo disse à Rádio Correio da Kianda o Coordenador do conclave, a recepção das candidaturas arrancou no dia 16 de Abril e vai até ao dia 25 deste, até este momento, só Abel Epalanga Chivukuvku formalizou a candidatura.

Quem é o candidato Abel Epalanga Chivukuvuku

Abel Epalanga Chivukuvuku, nasceu em Luvemba, província do Huambo, no dia 11 de Novembro de 1957, ingressou na UNITA em 1974, em 1976, ingressou das extintas FALA, então braço armado do “Galo Negro”, foi oficial nos serviços de comunicação, em 1986 foi promovido a chefe adjunto da inteligência militar das FALA, antigo diplomata especial do partido, ainda em 1986 foi enviado à Alemanha Ocidental para treinamento em telecomunicações e serviços de inteligência militares, promovido a patente de tenente-coronel.

Chivukuvuku, foi representante adjunto da UNITA, em Portugal e no Reino Unido, neste último, ingressa na universidade de Cabrigia, e licencia-se em língua inglesa. Em 1989 à 1991 representou o partido nas Nações Unidas (ONU), tendo sido nomeada como chefe adjunto da delegação do partido na Comissão Conjunta Político-Militar, no cumprimento dos acordos de Bicesse.

Em 1993, Abel, foi ferido durante o reacender da guerra, e ficou sob custódia do Governo angolano, depois foi designado assistente de Jonas Savimbi, e deputado de 1997/1998.

Chivukuvuku, foi director de campanha de Isaías Samakuva no IX Congresso de 2023, em 2010, cessou sua militância na UNITA por alegado desentendimento, depois de criar o grupo de reflexão.

Em 2012, criou a Convergência de Salvação Nacional “CASA-CE” que teve resultados eleitorais surpreendentes ao conquistar 8 lugares no Parlamento, já em 2017, duplicou o resultado e elegeu 16 deputados. Em 2019, Chivukuvuku viria ser destituído da liderança e substituído pelo almirante André Mendes de Carvalho “Miau”. Depois de 4 anos de chumbos sucessivos, estratega como é, juntou-se a UNITA mediante a plataforma política FPU, que teve um resultado estrondoso nas eleições de 2022 tendo conseguido 90 deputados, e concorreu como segundo cabeça de lista, atrás de Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA.

Abel Epalanga Chivukuvuku, formalizou a sua candidatura à presidência do PRA-JA, na passada quarta-feira, 16, e tem como mandatário o “servidor” Sebastião Nluta, e a campanha eleitoral, do política será orientada por João Quipipa Dias, que conta com o apoio de Délcio Mauro Teodoro Bunga, Joaquim Daniel Sambangala e Pedro Sandjango Chivukuvuku.

Apesar de alguns especialistas entenderam que Abel Chivukuvuku é um vencedor antecipado, convém sublinhar que, para o bem da democracia seria bom o surgimento de outras candidaturas para fazer diferença, e, é uma das formas de projectar os quadros que entrarem na corrida.

Nós prometemos voltar com a parte III, até o fecho do período das candidaturas, para radiografar o perfil dos outros possíveis concorrentes ao Congresso Constitutivo do PRA-JA Servir Angola, quando faltam dois anos para as eleições gerais de 2027.

Prometemos voltar dentro de 7 dias, até lá, fique connosco e nós consigo.

O impacto do fenómeno PRA-JA Servir Angola no cenário político nacional

Jornalista multimédia com quase 15 anos de carreira, como repórter, locutor e editor, tratando matérias de índole socioeconómico, cultural e político é o único jornalista angolano eleito entre os 100 “Heróis da Informação” do mundo, pela organização Repórteres Sem Fronteira. Licenciado em Direito, na especialidade Jurídico-Forense, foi ainda editor-chefe e Director Geral da Rádio Despertar.

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