Sociedade
Sem rede há duas semanas, população do Kuvango, Jamba, Dongo e Kuvelai volta à era das cartas em pleno século XXI

Nos municípios do Kuvango, Dongo, Jamba e Kuvelai, na província da Huílao relógio parece ter voltado atrás no tempo.
Há mais de duas semanas, a queda de uma torre da UNITEL deixou as comunidades sem qualquer comunicação móvel ou acesso à internet, obrigando os cidadãos a retomar a troca de cartas como principal forma de contacto.
O Administrador Municipal do Kuvango, Luís Paulo Dala, descreve um cenário de paralisia social e económica. “Os municípios estão praticamente parados. Tudo que depende de internet ou rede móvel deixou de funcionar, e a população foi forçada a voltar ao uso de cartas para comunicar”, lamentou.
Com os serviços bancários suspensos, famílias, funcionários públicos e empresas enfrentam enormes dificuldades para realizar transações básicas. Parte das actividades administrativas teve de ser transferida temporariamente para os municípios vizinhos da Matala e do Lubango, na tentativa de reduzir os prejuízos.
Sobre as causas do incidente, Dala transmitiu as informações da UNITEL, que atribui a queda da torre a fortes ventos associados à falta de manutenção. A operadora assegura que os trabalhos de reposição estão em curso e promete normalizar a rede no prazo de 40 dias.
Enquanto a promessa não se concretiza, a imagem das cartas a circularem de mão em mão tornou-se símbolo da resiliência de uma população que, em pleno século XXI, foi empurrada de volta a métodos de comunicação do passado.