África
República Centro Africana prepara-se para as eleições de domingo em meio a forte tensão política
A República Centro Africana prepara-se para o pleito do próximo domingo, 28, numa altura em que aumenta o clima de forte tensão política, com destaque para a oposição que pondera boicotar o processo.
Na corrida presidencial concorrem sete candidatos, incluindo o actual Presidente, Faustin-Archange Touadéra, do partido Movimento Corações Unidos (MCU), que se candidata a um terceiro mandato após uma controversa revisão da Constituição, em 2023, que eliminou o limite de mandatos.
Entre os principais opositores validados pelo Tribunal Constitucional da República Centro-Africana (RCA) para as eleições estão os ex-primeiros-ministros Henri-Marie Dondra, do partido da Unidade Republicana (UNIR), e Anicet Georges Dologuélé, da União para a Renovação Centro-Africana (URCA), que tiveram as candidaturas em risco devido a questões de nacionalidade, pois a reforma constitucional aprovada no referendo não permite a candidatura de pessoas com dupla ou múltipla nacionalidade ao cargo de chefe de Estado.
O ex-ministro da Juventude Aristide Briand Reboas, Eddy Symphorien Kparékouti, Djorie Serge Ghislain e Yalemendé Marcelin também estão na corrida presidencial.
O tribunal rejeitou as candidaturas de outros três políticos, nomeadamente Saint-Cyr Tanza, Parfait Zanga e Jean Michel Mandaba, sem revelar os motivos.
O opositor político Dominique Désire Erenon, líder do partido Marcha pela Democracia e Salvação do Povo (MDSP), foi detido ao chegar do exílio após responder ao apelo de Touadéra, sendo que os motivos da detenção não foram divulgados e nem as eventuais acusações formais, o que alimentou críticas e especulações por parte de grupos da sociedade civil.
Referir que o actual presidente tem sido, acusado pela oposição e sociedade civil de querer tornar-se Presidente vitalício, foi eleito em 2016 e reeleito em 2020, após uma votação perturbada por grupos rebeldes armados e manchada por acusações de fraude.
O anúncio da sua candidatura criou uma reacção de rejeição e desconfiança tanto das organizações da sociedade civil quanto da oposição centro-africana.
Pela primeira vez em décadas, as eleições locais, várias vezes adiadas por falta de financiamento e de uma lista eleitoral, realizam-se em simultâneo com as nacionais.
