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Nações Unidas a caminho da ‘inutilidade’

Fundada em 1945, na ressaca da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) é a maior e mais importante organização internacional do planeta, sendo suas deliberações de cumprimento obrigatório, tendo em conta a sua natureza de prevenção de guerras.
Entre os vários órgãos que compõem a entidade, o Conselho de Segurança é o mais temido. Composto por cinco membros permanentes com poder de veto, nomeadamente: os Estados Unidos da América, a Rússia, França, Reino Unido e a China, o Conselho de Segurança tem como fundamento garantir a paz mundial e decidir quando uma intervenção militar internacional é justificada e quando não.
Os países membros permanentes que compõem o órgão, têm o poder de veto, ou seja, mesmo que a maioria vote a favor de uma intervenção militar nalguma paragem planetária, o voto contra de um único país, impede qualquer aprovação.
Neste âmbito, já foram realizadas várias missões. Houve período em que a voz da ONU era respeitada e temida, mas, sobretudo nas últimas três décadas, a organização tem perdido o respeito e a autoridade moral, por um lado pelas suas opções parciais, e noutros casos, pela prepotência e arrogância dos países mais poderosos do mundo, ou de Nações que têm um dos poderosos ao seu lado.
Por exemplo, a República Popular Democrática da Coreia (do Norte) tem sobre si uma série de sanções, e entre elas por conta de seus movimentos relacionados com armas nucleares e mísseis balísticos, mas, ao arrepio da norma, o país de Kim Jong-un continua a manter os mesmos movimentos.
A Rússia e os Estados Unidos são os campeões em matéria de invasões de países alheios, pontapeando assim o espírito da concepção da ONU. Realizam essas operações militares sem a chancela do Conselho de Segurança da ONU.
A Rússia, sob o pretexto de preocupação com a sua segurança, face à aproximação da NATO às suas fronteiras, invadiu a Ucrânia, em 2022, e tem feito descaso das deliberações da ONU, que o proíbem que continuar com a guerra.
Israel, entretanto, um Estado concebido pelas Nações Unidas, em 1947, através da Resolução 181, é um dos países que mais violam as deliberações da ONU, além de ser a Nações que mais desafia a organização.
Em 2016, por exemplo, as Nações Unidas proibiram, por deliberação que acabou validada pelo Conselho de Segurança, face à abstenção dos EUA, Israel de continuar a alargar, os colonatos – construção de projectos habitacionais para israelitas, em territórios atribuídos a palestinos, pela ONU, mas o país ignorou, tendo no mesmo ano aprovado a construção de mais de cinco mil casas.
“Não vou me preocupar com a ONU ou com qualquer outra organização que tente ditar-nos o que fazer em Jerusalém”, disse na ocasião o vice-autarca de Jerusalém, Meir Turgeman. “Espero que o governo e a nova administração nos Estados Unidos nos dêem impulso para continuar”, reforçara.
E desde que começou a guerra com o Hamas, em 2023, Israel já eliminou fisicamente agentes da ONU, desrespeitou suas decisões e apelos, e encerrou escritórios de diferentes agências da ONU no seu território e em terras pertencentes à Palestina.
Portanto, a ONU pouco ou nada faz. Não tem força, perdeu a importância. Até a República do Ruanda mantém a sua presença na República Democrática do Congo, em apoio ao grupo rebelde M23, apesar das apreciações e deliberações da ONU.
Como escreveu o Jorna I, de Portugal, a ONU aprovou um projecto de resolução que, pela primeira vez, condenou o Ruanda por apoiar a ofensiva dos rebeldes do grupo M23 no leste da República Democrática do Congo (RDC), pedindo a retirada ‘imediata das tropas’. O projecto de resolução, da autoria da França, reuniu a aprovação de todos os 15 Estados-membros do Conselho.
Observadores esperam que a ONU se revitalize, e recupere a sua importância de garante para a paz mundial.