Mundo
Moscovo alerta: interferência dos EUA no Irão acarreta “consequências incontroláveis”
A interferência dos Estados Unidos em acções militares contra o Irão, acarreta consequências incontroláveis, alertou esta quinta-feira, 19, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em uma colectiva de imprensa, à margem do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo (SPIEF).
Esta é a primeira vez que Moscovo se manifesta sobre o conflito no Médio Oriente, que teve início na passada sexta-feira, 13, com o ataque de Israel a instalações nucleares do Irão.
“Gostaríamos de alertar Washington especialmente contra a intervenção militar na situação, o que seria um passo extremamente perigoso com consequências negativas verdadeiramente imprevisíveis”, disse, citada pela agência de notícias russa.
Surge, igualmente na sequência das declarações feitas ontem pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de que os Estados Unidos estariam a se preparar para um possível ataque ao Irão nos próximos dias.
“A Rússia está activamente engajada em esforços políticos e diplomáticos para resolver o conflito em curso entre Irão e Israel, enfatizou Zakharova à TASS, tendo adiantado que “a prioridade hoje é deter a escalada de violência, alcançar um cessar-fogo e restaurar a paz”.
Para a representante da diplomacia russa, “essas medidas são cruciais para criar as condições necessárias para trazer a situação de volta à mesa de negociações”.
“Estamos comprometidos em facilitar esse processo de todas as maneiras possíveis”, vincou, de acordo com a media russa.
Nos esforços para contenção da escalada do conflito no Médio Oriente, Zakharova disse que, “logo no primeiro dia, o presidente Vladimir Putin conversou por telefone com o primeiro-ministro de Israel e o presidente do Irão. No dia seguinte, conversou com seu homólogo norte-americano e, posteriormente, com os líderes da Turquia e dos Emirados Árabes Unidos”.
“Esperamos que todas as partes reconheçam que não há alternativa viável à busca de soluções negociadas mutuamente aceitáveis para os problemas em questão. Nosso apoio a uma resolução sobre o programa nuclear iraniano sempre se baseará no direito internacional, no princípio da segurança igualitária e indivisível e na consideração equilibrada dos interesses mútuos”, assegurou, reconhecendo o “claro comprometimento do Irão com as suas obrigações sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, bem como a sua disposição de retomar as negociações com os Estados Unidos para explorar possíveis soluções que abordem suspeitas injustificadas sobre suas actividades nucleares, desde que os ataques israelenses cessem”.
Maria Zakharova ressaltou que “Moscovo endossa totalmente essa posição e acredita firmemente que uma resolução duradoura só pode ser alcançada por meio de diplomacia e negociações”, concluiu.
No passado 13 de Junho, Israel lançou uma operação militar contra o Irão, levando Teerão a realizar um ataque retaliatório menos de um dia depois. O que se seguiu foram os dois países a trocarem novos ataques, com ambos os lados a relatarem baixas e danos a algumas instalações, reconhecendo que as suas forças haviam sido atingidas.
O ciclo de ataques mútuos continua a se intensificar, com os EUA ameaçando entrar no conflito e a Rússia a condenar as acções de Israel e expressando a sua disposição de mediar os esforços para a resolução do conflito.