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Jovens apelam a um outro olhar para a “juventude fora do asfalto”

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“Existem famílias que dependem totalmente dos contentores de lixo para alimentarem-se”. Estas foram as declarações de Samuel Shaievale, aquando da sua participação no programa Ligação Jovem, emitido pela Rádio Correio da Kianda, em que o tema foi; “A vida do jovem fora do asfalto”.

Samuel Shaievale, é um jovem lavador de carros, que passa o dia em frente ao contentor de lixo, onde acompanha as várias famílias que por ali passam para recolher alimentos, e descreveu-nos como tudo acontece:

“Não consigo saber se é realmente fome, mas existe muita gente que recolhe o lixo, para escolher comida, a comida fica misturada com os dejectos eles tiram e lavam, e existem famílias que dependem totalmente do contentor de lixo, muitos recolhem banha de galinha para fazer óleo”, explicou.

Samuel vive no bairro Tandy 2, que está localizado no Icolo e Bengo, a seguir a Centralidade do Sequele. Neste bairro, vivem cidadãos que foram retirados das casas construídas ao longo da entrada do Sequele.

Segundo Samuel, a realidade do seu bairro é de imensas dificuldades: “as casas são de chapa, é uma zona sem luz, sem água, sem escolas, sem hospitais, o desemprego e falta de ocupação por parte dos jovens é gritante, muitos jovens estão perdidos nas drogas e outros são consumidores activos de bebidas alcoólicas, estes jovens têm idades dos 10 anos em diante, inclusive meninas”.

No painel estava também o jovem Domingos Monteiro, residente na Robaldina, que acrescentou, que a realidade do bairro Tandy 2, não é igual a da Robaldina e outros, e é conhecida por quem de direito, pois muitos circulam por estes bairros. As preocupações são manifestadas nas cadeias televisivas, nas rádios e nas redes socias.

“Os cotas lá de cima, conhecem a realidade, nós os jovens do outro lado do asfalto somos jovens muito emocionados, um menino de doze anos vendo um mais velho todo embriagado lá na rua que deixou a cerveja aberta ai ao lado, vai querer beber, logo o mais velho é o exemplo”, disse.

Samuel Shaievale disse ainda, que muitos jovens que participaram na manifestação nem sequer sabiam ao certo do que se tratava, mas ao verem os outros a correr, seguiram pois “viram uma oportunidade de ter algo para comer, ou de sanar umas necessidades”.

O influencer digital Etiandro Wamana, que também fez parte do painel, frisou que, quando não há a estrutura familiar devidamente organizada, “quando não existe uma sociedade forte como era antigamente onde o vizinho era pai, o amigo do pai era pai, e quando não existe um regulador presente que é o estado, que é o grande travão e o ultimo garante de que tudo vai correr bem, os jovens ficam sem direcção e sem orientação”.

Para acrescentar, Samuel Shaievale, disse que, muitas vezes o problema está naquilo que os filhos almejam dos pais.

“As vezes não é porque o pai sai cedo e regressa tarde, eu se tiver uma mãe da elite ou um pai que tem um bom emprego e me dá aquilo que eu desejo, e sabe resolver as minhas necessidades, eu como filho terei respeito por ele, já nos bairros, há pais que não trabalham passam o dia no bairro, faz biscato daqui, dali, o filho perde o respeito”, frisou.

No final, os nossos entrevistados apelaram que se olhe para a vida destes jovens e se criem estruturas para orientar os jovens, pois, segundo disseram, “o futuro da nação está ameaçado”.

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