Crónica
Fim de Reinado: coroa do Afrobasket 2025 terá novo dono

O Afrobasket 2025 já escreveu uma das suas páginas mais surpreendentes: a campeã e a vice-campeã estão fora da corrida ao título. Tunísia e Costa do Marfim, seleções que nos últimos anos impuseram respeito e ergueram a bandeira do basquetebol africano, caíram cedo demais. E quando gigantes tombam, o torneio ganha nova alma.
A Tunísia, senhora de duas coroas consecutivas, entrou em cena como quem já se habituou ao brilho, mas deixou-se ofuscar pelo peso da responsabilidade. Um triunfo tímido diante do modesto Madagáscar foi insuficiente para esconder as derrotas claras frente a Camarões e Nigéria.
Restava a esperança no play-off, mas Cabo Verde, com garra e frescura, tratou de apagar qualquer resquício de grandeza, impondo um sonoro 87-54. A campeã caiu sem glória, como uma estrela que perde o brilho antes da noite terminar.
A Costa do Marfim parecia caminhar com passos firmes rumo ao trono. Três vitórias no grupo A frente a Ruanda, Cabo Verde e RDC faziam crer que os “Elefantes” vinham com apetite de título. Mas no jogo que mais importava, o Mali apareceu para lembrar que favoritismo não ganha partidas. Num duelo vibrante, decidido ponto a ponto, os marfinenses sucumbiram por 96-102, deixando órfãos os que apostavam no seu regresso à final.
Com a queda de duas potências, o palco abre-se para novos protagonistas. Angola, Camarões, Mali e Senegal carregam agora o destino do Afrobasket. Quatro seleções, quatro histórias, uma promessa: haverá um novo campeão. Destes, apenas o Senegal sabe o que significa estar entre os quatro melhores na edição passada. Os restantes sonham escrever uma narrativa inédita, e é justamente aí que reside a beleza desta competição no inesperado, no improvável, no sopro de esperança que alimenta nações inteiras.
E a verdade é que, com este ritmo alucinante de campeonato, vale sim a pena dormir tarde para escrever e acompanhar cada detalhe. Como dizem os comentadores Mário Gerson, Manuel da Costa e João Víctor, o Afrobasket 2025 está simplesmente imperdível e espectacular.
O Afrobasket 2025 deixa claro: não há espaço para acomodados nem para memórias antigas. Cada jogo é um recomeço, cada posse é uma batalha, cada vitória é um degrau rumo à eternidade. A coroa está sem dono e só a ousadia, a disciplina e o coração em quadra decidirão quem a levantará no Multiusos do Kilamba.
No fim, o que fica é a certeza de que estamos a viver um torneio histórico. Porque quando os gigantes caem, os sonhos de outros ganham asas.