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EUA podem ter controlo exclusivo de bases aéreas e portos da Somália

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“A Somália está preparada para oferecer aos Estados Unidos o controlo exclusivo de bases aéreas e portos estratégicos”, disse seu presidente em uma carta ao presidente Donald Trump, nessa sexta-feira, 28, citada pela Reuters. Entretanto, a proposta esbarra-se num impasse, a base de Berbera fica na região separatista da Somalilândia, e o ministro das Relações Exteriores da referida circunscrição já advertiu a Somália em relação àquilo a que chamou de intromissão irresponsável.

Na carta, datada de 16 de Março, segundo a Reuters, autenticada por um diplomata regional com conhecimento do assunto, o presidente Hassan Sheikh Mohamud disse que os activos incluíam bases aéreas em Balidogle e Berbera, bem como os portos de Berbera e Bosaso.

A oferta poderia dar aos Estados Unidos uma presença militar mais ampla na região do Chifre da África, à medida que procura combater a ameaça de militantes islâmicos na Somália e em toda a região.

“Esses activos estrategicamente posicionados oferecem uma oportunidade de reforçar o envolvimento americano na região, garantindo acesso militar e logístico ininterrupto, evitando que concorrentes externos estabeleçam presença neste corredor crítico”, lê-se na carta citada pela Reuters.

Entretanto, há um impasse, a Berbera fica na região separatista da Somalilândia, o que significa que a oferta pelo porto e pela base aérea colocaria o governo e a Somália em rota de colisão. E o ministro das Relações Exteriores da Somalilândia, Abdirahman Dahir Aden, já advertiu a Somália em relação àquilo a que chamou de intromissão irresponsável.

“Que cooperação? Os EUA desistiram desse regime corrupto chamado Somália. Os EUA agora estão prontos para lidar com a Somalilândia, que mostrou ao mundo ser uma nação pacífica, estável e democrática”, referiu Abdirahman Dahir Aden, tendo acrescentado que os “EUA não são estúpidos”.

De referir que o conflito entre a Somália e a Somalilândia é de longa data, com raízes na história, legados coloniais e identidades nacionais concorrentes.

No ano passado, 2024, ficou definido que em Janeiro deste ano de 2025, a Somália assumiria um assento no Conselho de Segurança da ONU por dois anos. Porém, enquanto o mundo discute os problemas da Somália ligados com terrorismo, governança e segurança, pouca atenção tem sido dada à República da Somalilândia, reconhecida internacionalmente como parte da Somália, embora tenha reinstaurado sua independência perdida de 26 de Junho de 1960 em 18 de Maio de 1991.

Para entender o conflito entre a Somália contemporânea e a Somalilândia, vale antes recorrer à história ligada ao legado colonial. Durante o final do século XIX e início do século XX, as potências europeias dividiram o Chifre da África em cinco áreas distintas. O norte estava sob administração britânica, formando o Protetorado da Somalilândia Britânica, enquanto o sul era governado pela Itália.

Enquanto a Somalilândia Britânica teve um sistema colonial mais indirecto, a Somália Italiana experimentou uma administração colonial mais directa; as duas se uniram ao conquistar a independência em 1960 (26 de junho para a Somalilândia, 1º de julho para a Somália) na República Somali, por meio do ideal pan-somali de um Estado-nação integrado que reunisse todos os povos de língua somali, incluindo os da Etiópia, Quênia e Djibouti.

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