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Como abrir a minha produtora cinematográfica: um guia prático sobre empreendedorismo criativo
Todos nós temos grandes histórias para contar. Ao fundar a sua própria produtora cinematográfica e televisiva, pode contá-las à sua maneira – e também ganhar a vida com isso. Partilhamos consigo algumas dicas importantes sobre o processo.
Para se tornar um cineasta de valor, como acontece na maioria das profissões, é importante adquirir as competências fundamentais para ter sucesso nesta actividade. A formação específica pode ser encontrada em cursos online, universidades, institutos de formação profissional ou em academias de pós-graduação, que aplicam modelos de ensino intensivos e de curta duração, como são os casos da MultiChoice Talent Factory, com academias em Nairobi (Quénia), Lagos (Nigéria) e Lusaka (Zâmbia). Esperamos, no futuro, ter uma em Luanda (Angola).
Negociar e empreender significa, entre outras coisas, construir um ecossistema de contactos – fornecedores, clientes, parceiros e potenciais clientes. As suas ligações pessoais associadas à indústria fazem parte da sua rede de trabalho. Partilhe novas ideias e explore formas de trabalhar em conjunto.
Um excelente exemplo é a plataforma Film Chat, criada pelos antigos alunos da turma de 2024 da MTF África Oriental, Sihnemariam Abebe, Kabogozza Brian, Linda Dinah e Lewis Monga Oscar. Este encontro virtual semanal, realizado todas as quintas-feiras, conecta aspirantes a cineastas de toda a África para discutirem projectos, viagens e explorarem formas de transformar a paixão em lucro. Participar nestas comunidades pode abrir portas a colaborações e oportunidades.
Os portais do sector também oferecem formação, informação e oportunidades de negócio. Estas plataformas permitem conectar-se com profissionais das indústrias criativas, como actores, editores, argumentistas e directores de fotografia.
Depois de adquirir as competências necessárias, o passo seguinte é registar formalmente a sua empresa. O registo legal é importante porque formaliza a actividade e garante um espaço formal de actuação. Sem este registo, não vai conseguir aceder a financiamentos, empréstimos, concursos públicos ou firmar parcerias e contratos com outras entidades públicas ou privadas.
O público quer ver-se reflectido nas novelas, nos filmes, programas e nos conteúdos em produção. Ideias novas e criativas, autênticas e relevantes, terão impacto nas pessoas e garantirão que o seu trabalho encontra espectadores entusiasmados e um mercado comercial viável. Expresse-se com confiança e conhecimento, seja fiel àquilo em que acredita e isso irá certamente cativar a imaginação do público.
Inscreva os seus filmes em festivais, exibições e competições para obter reconhecimento. Inúmeros antigos alunos da MTF estão a causar impacto em grandes eventos: Mnena Akpera, da África Ocidental, Khumiso Rebabedi, da África Austral, e Hannah Nalunga Lukodda, da África Oriental, foram recentemente seleccionadas entre 32 estrelas em ascensão para o 5º Durban FilmMart SA, uma prestigiada plataforma sul africana para cineastas africanos apresentarem projectos e se ligarem a financiadores. Nark Luenzi e Paulo Idalécio de Angola foram seleccionados para o Festival Cinémas D’Afrique em Lausanne na Suiça
Mesmo que o seu trabalho não esteja em exibição, participe em festivais como DOC-LUANDA, UNITEL Angola Move, Festival Internacional de Cinema de Zanzibar (ZIFF) ou o Africa Magic Viewers’ Choice Awards (AMVCA) para fazer networking com produtores, realizadores e financiadores. Estas plataformas podem gerar parcerias e oportunidades de financiamento.
Quando estiver pronto para iniciar a produção, escreva uma motivação sincera e uma sinopse concisa do seu filme ou da sua ideia. É importante depois apresentá-la a potenciais financiadores e mostrar o potencial criativo e económico do seu projecto. Os parceiros podem ser fundos de investimento privado, festivais de cinema, instituições cinematográficas nacionais ou financiadores estrangeiros. Na África Oriental, existem fundos de desenvolvimento específicos para apoiar o cinema. As principais plataformas africanas de TV e streaming, como a MultiChoice e a Showmax, também possuem portais onde é possível efectuar candidaturas espontâneas.
Os filmes, programas de TV, séries e conteúdos originais em vídeo estão protegidos por direitos de autor e legislação específica. A maioria das leis concede protecção e garantias relacionadas com a propriedade intelectual. Na maioria dos países, a protecção dos direitos de autor é obtida automaticamente, de acordo com a Convenção de Berna. É também importante registar voluntariamente os seus projectos em organismos nacionais que regulam estas questões.
No Quénia, contacte o Conselho de Direitos de Autor (KECOBO) ou a Comissão Nigeriana de Direitos de Autor (NCC), na Nigéria. Na Zâmbia, é o Instituto de Propriedade Intelectual (ZIPO) que assume essas funções e em Angola, a entidade responsável por estas matérias é o Serviço Nacional de Direitos de Autor e Conexos (SENADIAC) .
Outras formas simples de proteger a propriedade intelectual incluem registar o seu trabalho com carimbos de data e hora, inserir marcas de água em guiões e filmagens ou adicionar marcas de água digitais para impedir a utilização não autorizada.
No entanto, tenha cuidado com os sites que se dizem “oficiais” e que cobram o pagamento pelos serviços de registo de direitos de autor. Junte-se a movimentos como a Copyright Coalition e os Parceiros Anti Pirataria e trabalhe activamente para combater o roubo de conteúdos originais e protegidos por lei. Conheça os seus direitos enquanto cidadão e empreendedor. Informação é poder.
Acredite sempre que é possível investir nos seus próprios negócios, independentemente da dimensão e das dificuldades associadas aos primeiros passos. Muitos dos grandes estúdios de cinema africanos e internacionais começaram por ser pequenas iniciativas e foram crescendo, naturalmente, com o acumular de experiências e novas oportunidades. Sonhe a sua vida, depois viva o seu sonho!
Por Blandine Klander
