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“África é forte por causa da mulher porque o primeiro sistema social foi o matriarcado” – Filipe Vidal

“São as mulheres que dão o título jurídico aos homens na sociedade através do alambamento”, disse Filipe Vidal. Em declarações feitas no Programa Ligação Jovem, emitido pela Rádio Correio da Kianda, em que o tema foi “O poder da mulher africana”, o historiador afirmou que é a “mulher africana que dá o título jurídico de pessoa ao seu filho e não o homem”.
Em modo comparativo, Filipe Vidal disse que na Europa, a criança tem que ser reconhecida por um pai dentro da sociedade, ou seja, apenas a palavra do pai dá titularidade jurídica ao filho, enquanto que em África, o facto de a mulher ter o filho no útero, automaticamente o filho já tem titularidade jurídica, e “é aí onde começa o papel da mulher africana”, explicou.
“Segundo a professora Waweri, à margem da conferência sobre a mulher em África, realizada em 1974, em Abidjan, a mulher africana é aquela que sabe cozinhar, que sabe lavar, mas também sabe ser rainha. A mulher africana sabe cuidar dos filhos, mas também pode ser sacerdotisa, a mulher africana é aquela que cuida do seu esposo, cozinha para ele, mas também é uma profissional. Este é o poder absoluto da mulher africana”, disse.
O historiador frisou que, “sempre que as instituições políticas masculinas falharam em África local e na África Global, as mulheres se levantaram e corrigiram os erros dos homens, e voltaram a dar poder executivo aos homens”, e trouxe como exemplo a história da Rainha Nzinga Mbandi.
Filipe Vidal foi mais longe e frisou que hoje, os homens africanos têm o comportamento que têm por causa do sistema patriarcal que entrou na nossa cultura, “num país extremamente deficitário não pobre, porque Angola não é pobre, Angola é um dos países mais ricos do mundo, mas o sistema social nos empobreceu, e as primeiras vítimas do capitalismo e do comunismo são os homens, porque os homens têm uma missão electiva primordial que é prover e proteger a família, e tudo começa em proteger a sua própria esposa, Quando um homem perde a capacidade de fazer isso automaticamente como as mulheres naturalmente já são superiores aos homens, estas mulheres acabam por ‘castrar’ os próprios homens”.
“Hoje, os homens angolanos estão castrados por causa disso, porque eles são as primeiras vítimas, porque a maior parte dos desempregados são homens, os homens não conseguem comprar nem vender, o homem hoje não consegue namorar, pois não consegue granjear a sua esposa com uma vida de qualidade”, frisou.
Continuou dizendo que ainda assim, a mulher africana dentro do seu poder, hoje sai a rua para vender coisas insignificantes para sustentar o seu marido, porque ela luta para proteger o que é mais sagrado pois ela é o reservatório e o esposo tem a semente que será colocar no útero dela, e essa mulher africana hoje sofre tanto que prefere sacrificar os seus próprios prazeres e estar ao lado do seu homem.
Segundo o historiador, África é forte por causa da mulher porque o primeiro sistema social foi o matriarcado, e nesse sistema a mulher tinha prevalência, e “quem veio trazer o dogma que a mulher deve ser submissa ao homem foi o ocidente”.
Filipe Vidal, afirmou que quem move a economia informal em Angola é a mulher, e a maior parte das mulheres está a praticar aquilo que se chama economia informal, e a economia informal é a economia real.
“Vou dar um desafio aos governantes, corram com todas as zungueiras, as proíbam de vender e Angola vai a falência, desafio qualquer economista, até os que estudaram em Harvard, o que faz mover o nosso Estado não é economia formal, em África não, não funciona e não vai funcionar porque não é o nosso DNA e eles sabem disso”, disse.