Sociedade
“A fé virou negócio e o Estado assiste calado”, alerta comentador Bernardo Sambulungo

O comentador do espaço “Revista de Imprensa”, Bernardo Sambulungo, denunciou esta segunda-feira o que considera ser uma excessiva mercantilização da fé em Angola, com práticas abusivas de certos líderes religiosos, enquanto as autoridades assistem em silêncio.
Durante a sua intervenção no espaço de análise matinal da Rádio Correio da Kianda, o analista criticou o crescimento de igrejas cujo foco principal deixou de ser a espiritualidade para se tornar num negócio lucrativo à custa da fragilidade emocional e económica dos fiéis.
“Há hoje em Angola uma indústria da fé. Muitos líderes religiosos transformaram os púlpitos em balcões de negócios. E o mais grave é que as autoridades públicas assistem pavidamente este cenário sem tomar medidas concretas”, disse o analista.
Bernardo Sambulungo alertou para a necessidade de maior fiscalização e responsabilização no sector religioso, defendendo que a liberdade de culto não deve ser confundida com liberdade para explorar pessoas inocentes em nome de Deus.
“A fé deve ser um espaço de esperança, não de manipulação. O Estado tem o dever de proteger o cidadão contra abusos, mesmo que venham disfarçados de mensagens espirituais”, sublinhou.
O debate sobre o papel das igrejas e o seu impacto na sociedade tem ganhado força em Angola, sobretudo perante o surgimento descontrolado de denominações com práticas questionáveis.
E o Arcebispo de Luanda, Dom Filomeno Vieira Dias, apelou este domingo, no município do Kilamba Kiaxi, a um maior envolvimento da Igreja nos desafios sociais que afligem a população angolana.
O prelado defendeu que a missão cristã vai além das celebrações litúrgicas, devendo traduzir-se em acções concretas em prol da melhoria das condições de vida dos cidadãos.
As declarações foram feitas no final de uma celebração eucarística de Crisma, na Paróquia de São João Calábria, onde Dom Filomeno destacou a necessidade de a Igreja Católica intensificar o seu contributo na vida pública nacional.