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Crónica

Palancas Negras e o peso das lições adiadas

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A tarde de terça-feira, 9, traz de volta os Palancas Negras ao Estádio 11 de novembro, diante das Ilhas Maurícias. No entanto, diferente de outros tempos, o jogo chega sem aquele entusiasmo que normalmente aquece as arquibancadas.

Angola entra em campo apenas para cumprir calendário, depois de ter perdido em casa com a Líbia, resultado que deitou por terra as aspirações de chegar ao Mundial 2026.

É mais uma tentativa falhada que se soma a tantas outras desde o ano dourado de 2006, quando, sob o comando do professor Oliveira Gonçalves, a seleção conseguiu o feito histórico de inscrever o seu nome entre as grandes nações do futebol mundial. De lá para cá, a história tem sido de frustrações, campanhas interrompidas e sonhos que ficam sempre pelo caminho, como um livro que nunca chega a ser concluído.

Durante o programa “Pontapé de Saída”, da Rádio Correio da Kianda, o comentador desportivo João Víctor não escondeu a sua preocupação. Criticou a “reação tardia nos sistemas táticos” utilizados pelo técnico Pedro Gonçalves nos últimos jogos, sublinhando que, em competições deste nível, a margem para erros é mínima e cada detalhe faz a diferença. Angola, que começou a caminhada com esperança, vê-se agora como mera espectadora da luta entre Camarões e Cabo Verde pela qualificação.

Olhando para a frente, o horizonte aponta para o CAN. Mas a questão permanece: será que Angola está preparada para evitar os mesmos erros que marcaram a recente participação no CHAN, onde também se saiu de forma discreta? A preocupação não é apenas pontual; é estrutural. Falta um projecto claro, uma estratégia que vá além de improvisos, que dê consistência e confiança aos jogadores.

O país continua a gerar talentos muitos a brilhar em campeonatos estrangeiros mas a seleção parece incapaz de transformar esse capital humano em resultados sólidos. Sem organização, sem mentalidade competitiva e sem liderança firme, o talento acaba por se perder em campo.

A verdade é que os Palancas Negras vão entrar esta terça-feira para jogar contra as Maurícias, mas o desafio é muito maior do que os 90 minutos. Trata-se de reconstruir um projecto nacional que resgate a identidade e a ambição da nossa seleção. Caso contrário, continuaremos presos às memórias de 2006, vendo o presente escapar e o futuro sempre adiado.

A pergunta que fica é simples e urgente: vamos continuar a viver da lembrança de um Mundial passado, ou seremos capazes de escrever uma nova página de conquistas?

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