Desporto
“Afrobasket 2025 será mais competitivo de sempre”, Presidente da FIBA África

A poucas horas do arranque do Afrobasket 2025, Angola respira basquetebol. No palco que vai acolher o jogo inaugural da Seleção Nacional frente à Líbia, o Presidente da FIBA África, Aníbal Manave, conversou em exclusivo ao Correio da Kianda sobre as expectativas para esta edição, a evolução da modalidade no continente e os investimentos em curso para o seu desenvolvimento.
Acompanhe a entrevista completa e conheça em detalhe a visão da FIBA África para o futuro do basquetebol no continente.
Joaquim Mussungo: Sr. Presidente, como descreve o ambiente e as expectativas para esta edição do Afrobasket?
Aníbal Manave (AM): Está tudo praticamente pronto. O mais complicado já foi feito. Claro que existem sempre pequenos detalhes a ajustar, sobretudo após a chegada da nossa equipa técnica, mas Angola está preparada para acolher este evento com muito profissionalismo e com toda a logística montada. Não temos recebido queixas significativas das equipas, apenas contratempos normais. Nos próximos 12 dias, o mundo vai estar de olhos postos em Luanda e no Namibe para assistir ao que de melhor se faz no basquetebol africano. Temos hoje a maioria dos atletas internacionais presentes, com exceção de alguns afastados por lesão ou questões contratuais. Isso é fundamental para valorizarmos o nosso produto.
JM: O que se pode esperar, em termos de competitividade, desta edição?
AM: Este será o Afrobasket mais competitivo de sempre. Hoje não existe uma diferença significativa de talento, preparação e qualidade entre as seleções. Todas fizeram estágios pré-competitivos, investiram nos seus plantéis e estão organizadas. Se me perguntar quem é favorito, dou sete nomes. Isso é positivo para a FIBA África, porque no passado sabíamos, por exemplo, que Angola iria disputar e provavelmente vencer a final. Hoje não há jogos fáceis, cada partida é decisiva e acredito que poderemos ter surpresas.
JM: Essa melhoria na qualidade do basquetebol africano resulta das políticas implementadas pela FIBA África?
AM: Sem dúvida. Um exemplo é a criação da Basketball Africa League (BAL), uma parceria exclusiva entre a NBA e a FIBA África. Esta competição permite que jogadores africanos tenham competição de alto nível sem necessidade de emigrar. Pelo contrário, temos visto talentos a regressarem porque encontram boas condições e salários competitivos no continente. Isso eleva a qualidade e torna as seleções mais fortes.
JM: E em relação às competições internacionais?
AM: A BAL é única no mundo. A NBA apostou na África por ser o segundo continente com mais atletas na liga, depois da América. Também temos o Campeonato do Mundo de Clubes, onde as equipas africanas já não são últimas, mas disputam o terceiro e quarto lugares, e em breve poderão lutar por medalhas. O desafio agora é continuar a investir na formação de jogadores, treinadores e árbitros.
JM: Esse investimento vem dos governos ou das federações?
AM: É uma responsabilidade partilhada. Veja o exemplo de Angola: esta arena era um gigante adormecido, sem manutenção, mas o governo reinvestiu e devolveu-lhe condições para receber grandes competições. Tanto que, em 2026, uma das conferências da BAL será realizada aqui. Há também investimentos na reabilitação de quadras nos bairros, como no Cazenga, para levar o basquetebol às comunidades. É lá que o talento nasce, e cabe às federações organizar formação e competições locais.
JM: Sr. Presidente, agradeço a sua disponibilidade e votos de boa estadia em Angola.
AM: Muito obrigado e boa sorte para Angola.