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Desdolarização do comércio internacional é um caminho sem volta, diz Lula da Silva
A desdolarização do comércio internacional, especialmente entre os países-membros do BRICS, “é uma coisa que não tem volta”, disse esta segunda-feira, 07, o presidente do Brasil, após a cimeira do grupo, que decorreu nos dias 06 e 07 de Julho, no Rio de Janeiro.
“A substituição do dólar por moedas locais ocorrerá de forma gradual, até se consolidar como nova realidade”, disse Lula da Silva, à imprensa local.
Para o presidente brasileiro, “a hegemonia do dólar, construída historicamente por meio de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), precisa ser questionada”.
“Embora o bloco represente cerca de metade do PIB global, detém apenas 18 % de poder de voto no FMI — uma incoerência que reforça a necessidade de reformas nas estruturas financeiras internacionais”, realçou, reafirmando ainda que “o bloco está aberto à expansão”.
Recordar que ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que os países que se alinharem às “políticas anti-americanas” do BRICS terão uma tarifa adicional de 10%.
“Qualquer país que se alinhe às políticas anti-americanas do BRICS terá de pagar uma tarifa adicional de 10%. Não haverá excepções a essa política. Obrigado por sua atenção a esse assunto!”, escreveu Trump em uma postagem no Truth Social, sem esclarecer quais políticas anti-americanas estava a se referir.
Esta segunda-feira, ainda, em uma declaração conjunta após a abertura da cúpula do BRICS, “o grupo alertou que o aumento das tarifas ameaça o comércio global, continuando a sua crítica velada às políticas tarifárias de Trump”.
Agora, com o apoio directo de Lula da Silva, espera-se que a iniciativa, que já vinha sendo articulada pelos países do BRICS, volte a ganhar força, com a alteração do papel do dólar e fortalecimento de moedas regionais em alianças específicas.
Tal proposta foi, igualmente, defendida pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que participou da cimeira via vídeo conferência, ressaltando o “uso das moedas locais nas transações intra-bloco”.