Crônica
Rádio Correio da Kianda: dois anos a desafiar paradigmas
Dois anos se passaram desde que a Rádio Correio da Kianda ousou nascer. Não foi apenas mais uma rádio: foi um espaço construído para quem já não se reconhecia no coro repetitivo do panorama mediático angolano. Entre rótulos fáceis — “bajús” de um lado, “revús” do outro —, quisemos ser apenas voz.
Voz de comentadores que opinam sem censura, mesmo que com paixão e parcialidade. Voz de jornalistas que encontraram aqui o espaço onde podem exercer a profissão com liberdade, mas também com responsabilidade. Voz de todos aqueles que acreditam que a informação pode ser plural, crítica e sem medo de incomodar.
Quando olho para o retrovisor, vejo que não foi pouca coisa. Num país onde a intolerância ainda dita o ritmo, lançar um projeto como este foi como plantar uma semente no asfalto. Mas, contra as expectativas, a semente brotou. E segue firme, porque há quem precise de sombra, quem precise de oxigênio, quem precise apenas de ouvir outra possibilidade de mundo.
Dois anos depois, o Correio da Kianda já não é apenas um projecto: é uma voz que se afirma na construção de uma Angola mais democrática, informada e participativa. Celebramos não só a nossa existência, mas também o impacto que temos gerado junto da opinião pública.
Este aniversário é, acima de tudo, um compromisso renovado: continuar a servir os cidadãos, a informar sem medo e a promover o pluralismo de ideias — a essência de qualquer sociedade livre. Porque, no fundo, tudo se resume a isto: dar voz a quem não tinha espaço, abrir janelas onde antes só havia muros, transformar silêncio em palavra.