Politica
João Lourenço inicia visita a portugal com críticas às novas políticas migratórias de Lisboa
O Presidente da República, João Lourenço, inicia esta sexta-feira, 25, uma visita oficial de três dias a Portugal, marcada por críticas à proposta de alteração da lei de imigração portuguesa, que tem gerado desconforto entre os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Em entrevista à TVI/CNN Portugal, concedida antes da partida para Lisboa, o Chefe de Estado angolano admitiu que as novas medidas, promovidas pelo Governo de Luís Montenegro, podem comprometer o espírito de cooperação dentro da CPLP. “De facto, existe algum incómodo”, disse Lourenço, acrescentando: “Vamos trabalhar todos em conjunto para evitar que o futuro da CPLP seja posto em causa”.
João Lourenço reconheceu o direito soberano de cada país para definir as regras de entrada e permanência em seu território, mas alertou para o impacto político e simbólico dessas medidas, lembrando que Portugal tem um passado fortemente ligado à emigração. “Se os portugueses emigraram para todo o mundo, o mínimo que a gente exige é que Portugal não trate os imigrantes que escolheram Portugal como destino de forma pior do que foram tratados nos países que os acolheram ao longo dos anos”, sublinhou.
Durante os anos da reconstrução nacional angolana, após o fim do conflito armado, Portugal beneficiou-se de uma forte presença económica em Angola. No auge da crise portuguesa, entre 2011 e 2015, milhares de portugueses emigraram para Angola, fenómeno que o Presidente recordou ao comentar o actual cenário. “Hoje são uns, amanhã são outros”, advertiu.
Segundo dados oficiais, Angola acolhia, até ao final de 2023, mais de 112 mil cidadãos portugueses. Em contrapartida, os angolanos residentes em Portugal ultrapassaram os 55 mil no mesmo período.
A visita de João Lourenço a Portugal ocorre num momento sensível nas relações luso-angolanas, sendo esperadas conversações de alto nível sobre cooperação bilateral, mobilidade no espaço CPLP e investimentos.
A posição de Angola poderá influenciar futuras decisões dentro da comunidade lusófona, especialmente se outros países seguirem a linha de crítica já adotada pelo Brasil e agora reforçada por Luanda.