Sociedade
Famílias rurais continuam a sustentar agricultura em Angola, aponta INE

A agricultura angolana cresceu 1,7% em 2024, mas o sector pecuário registou uma queda de 2,5%, de acordo com o Anuário Estatístico da Agricultura e Florestas, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os números revelam que a produção global de culturas vegetais atingiu 28 milhões de toneladas, sustentada sobretudo pelo sector familiar, responsável por mais de 90% dos 6,17 milhões de hectares cultivados no país. Trata-se de uma realidade que confirma a centralidade da agricultura familiar no fornecimento de alimentos e na segurança alimentar em Angola.
Contudo, no mesmo período, a pecuária sofreu recuos expressivos, particularmente na produção de carne caprina, ovos e leite, sinalizando vulnerabilidades no equilíbrio produtivo e na diversificação da base alimentar nacional.
Para o produtor agrícola António Ulima, estes números mostram que “o agricultor familiar continua a ser a espinha dorsal da produção agrícola em Angola, mas enfrenta limitações sérias, desde a falta de acesso ao crédito até à escassez de equipamentos modernos”.
Na mesma linha, o engenheiro agrónomo e também produtor Azevedo Simão alerta que “sem políticas estruturadas de apoio técnico e logístico, a agricultura familiar corre o risco de não acompanhar as exigências do mercado, e a queda na pecuária deve ser um sinal de alerta para reforçar a integração entre culturas e criação de animais”.
O relatório do INE conclui que, apesar do crescimento agrícola, a queda na pecuária exige maior atenção governamental e reforço de políticas públicas capazes de equilibrar as cadeias produtivas, garantindo maior sustentabilidade no sector rural.