Sociedade
Especialistas pedem revisão urgente das zonas de risco de mina
Na província do Bengo, duas crianças perderam a vida, esta semana, em consequência da explosão de um engenho de guerra, encontrado numa das zonas de plantação de milho.
As crianças que acompanhavam as respectivas mães ao trabalho (lavra), por um momento afastaram-se delas que colhiam o milho.
Ao se afastarem, as crianças chegaram a uma zona que segundo as autoridades, foi palco de combate e de movimentação de grandes unidades militares no passado.
Os menores de três e cinco anos, sem conhecimento do que se tratava, jogavam pedras ao engelho de 60 milímetros que, em pouco tempo, acabou por explodir.
Ao se pronunciar sobre o assunto, o sociólogo Agostinho Paulo entende que estas ocorrências podem ser evitadas se existir, por um lado, maior revista por parte das autoridades, nas zonas anteriormente tidas como palco de guerra, e por outro, uma forte campanha de sensibilização sobre os perigos de minas.
Agostinho Paulo disse também que as áreas já tidas como palco de guerra, e hoje habitadas pela população, devem merecer uma revisão urgente das instituições vocacionadas ao processo de desminagem.
Por seu turno, o cientista político Eurico Gonçalves disse que a remoção de minas terrestres é um empreendimento complexo, e por isso, deve exigir estratégias operacionais viradas para a sustentabilidade.
Recorde que o prazo para limpar todo o seu território de minas antipessoal, estava previsto para 31 de Dezembro de 2025, estima o relatório “Landmine Monitor 2023”. Entretanto, Angola vai pedir, pela terceira vez, mais cinco anos de prorrogação do prazo para se livrar de minas antipessoal.
De acordo com uma nota do Ministério das Relações Exteriores, a Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM) vai apresentar o pedido formal durante a 22.ª reunião dos Estados-parte da Convenção, que se realiza entre 01 e 05 de Dezembro, em Genebra, Suíça.
Angola projectou o alargamento de 2026 a 2030, tendo em conta que o prazo vigente prescreve a 31 de Dezembro deste ano, como obriga o artigo 5.º da Convenção de Otawa.
É importante realçar que existem ainda 975 áreas minadas identificadas no país, o correspondente a 57.905.679 (cinquenta e sete milhões, novecentos e cinco mil, seiscentos e setenta e nove) metros quadrados, sendo as províncias com maior predominância Bié, Cuando, Cubango, Cuanza Sul, Moxico e Moxico Leste.