Politica
Especialistas divergem sobre prontidão de Angola para implementar Inteligência Artificial na administração pública

O debate sobre a introdução da Inteligência Artificial (IA) na Administração Pública esteve em destaque na edição desta terça-feira do programa Capital Central, da Rádio Correio da Kianda.
Especialistas de diferentes áreas manifestaram opiniões divergentes quanto à capacidade actual do país para enfrentar os desafios da transformação digital no setor público.
O especialista em Gestão e Administração Pública, Denílson Duro, reconheceu o potencial da medida, mas alertou que Angola ainda não reúne as condições estruturais necessárias para a implementação eficaz da IA na administração estatal. “Ainda enfrentamos grandes problemas de base que devem ser resolvidos antes de qualquer avanço tecnológico profundo”, afirmou.
Em resposta, o Director-Geral do Instituto de Modernização Administrativa, Meick Afonso, defendeu que o Executivo está ciente dos obstáculos e assegurou que os funcionários públicos serão capacitados e preparados para a nova realidade tecnológica. “O processo será gradual, com formação adequada, respeitando os níveis de exigência e complexidade”, garantiu.
Do ponto de vista jurídico, o jurista Mabanza Kambaca destacou a importância de um quadro legal atualizado e claro que regulamente o uso da Inteligência Artificial no setor público. Para o especialista, a legislação deve garantir direitos, deveres e responsabilidades, tanto para os agentes públicos como para os cidadãos, de forma a prevenir abusos e garantir segurança jurídica.
O debate levantou ainda preocupações quanto ao risco de exclusão digital, sobretudo em áreas com menor acesso à tecnologia e formação. Os intervenientes defenderam que a modernização da Administração Pública deve ser acompanhada por políticas de inclusão, para garantir que nenhum cidadão fique para trás durante a transição digital.