Sociedade
Direcção de Trânsito quer encerrar algumas escolas de condução: “criam potenciais assassinos nas estradas”
A Direcção Nacional de Trânsito e Segurança Rodoviária pretende encerrar algumas escolas de condução, por entender que as mais de 300 existentes no país não garantem qualidade na formação dos condutores e travar o elevado índice de acidentes nas estradas do país.
O anúncio é do chefe do Departamento de Habilitação de Condução da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária da Polícia Nacional, superintendente-chefe Fidel Filipe, quando participava de um debate televisivo na Rede Girassol em Luanda, tendo começado a sua intervenção, a dizer que a formação de condutores automobilistas apresenta problemas que precisam ser corrigidos. Neste momento, de acordo com a alta patente da Polícia Nacional, está já em curso, um novo plano para reverter a situação e baixar o número de acidentes nas estradas nacionais.
Segundo aquele responsável, a formação ministrada nas escolas de condução carece de “umas correcções”, adiantando que estas instituições não dependem daquele órgão do Ministério do Interior.
“Quem tem a competência de licenciar as escolas de condução é a Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Nós da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária temos a missão de certificar. Daí que estamos a trabalhar com ANTT, estamos a intensificar as inspeções nas escolas de condução, porque percebemos que se a base, que é a escola de condução não estiver organizada, todo o processo vai falhar”, disse.
Fidel Filipe vai ainda mais longe, ao afirmar que tem faltado o rigor técnico nas escolas de condução, de modo a evitar-se a criação de potenciais assassinos nas estradas.
Entre as acções correctivas que estão em curso, o chefe do Departamento de Habilitação de Condução da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária da Polícia Nacional apontou a implementação dos exames multimedia, que segundo fez saber, estão a ser criadas condições com os demais parceiros para a sua efectivação.
Referiu ainda que quase todos os condutores nacionais se fazem às estradas com fadiga acumulada, pela falta de sono de qualidade.
“Ao conduzirem com fatiga acumulada são potenciais assassinos”, sentenciou, afirmando que em breve, vai entrar em uso, um aparelho que vai medir os níveis de sono no organismo dos condutores, bem como a obrigatoriedade de os condutores de pesados se fazerem acompanhar de um motorista ajudante, com o qual deve alternar ao longo do longo percurso de viagem.
O chefe do Departamento de Habilitação de Condução da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária da Polícia Nacional, avançou também que as accções inspectivas em curso estão a permitir a suspensão das escolas de condução que não reúnem os requisitos mínimos, estando “neste momento 10 escolas suspensas” na província de Luanda.
Chamado a apresentar os números actualizados, o superintendente Fidel Filipe disse que Luanda tem 224 escolas de condução, ao passo que nas demais 20 províncias estão certificadas 153 escolas, o que totaliza 377 escolas de condução a nível do país.
“Este número nos preocupa. Quer dizer quer ali não há boa qualidade. Se não há boa qualidade nós temos que corrigir isto […] estes números são indicadores de que algo não está bem”, disse, acrescentando que algumas dessas escolas de condução serão encerradas.
“Não se pode ver a visão mercantilista das escolas de condução. Deve se ver como as que formam condutores”, defendeu.
Informou que os condutores que cometem erros considerados de muito graves serão submetidos a novos exames, tendo avançado que já existe processo de 1200 condutores prontos para serem submetidos a novos exames de condução, que vão desde os exames médicos aos psicológicos, antes do exame de avaliação.
“Muitos, infelizmente, aqueles que não aprovarem vão ter que voltas à escola de condução, para voltarem a ter a carta de condução outra vez”, afirmou.