Sociedade
Cristãos e muçulmanos apelam ao diálogo e fim dos actos de vandalismo em Luanda
A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) apelou esta terça-feira, 29, ao uso responsável das redes sociais para evitar a propagação de discursos de ódio e de incitação à violência. As igrejas evangélicas e o Gabinete do Amir/Presidente do Conselho Islâmico de Angola (CONSIA) também apelaram à calma.
“No uso das redes sociais evitem-se mensagens insidiosas que contribuam para o inflamar de ânimos e de vinganças e disseminemos mensagens de tolerância, concórdia e não violência”, apelaram os bispos.
Em causa está o segundo dia de paralisação da actividade de táxi que voltou a escalar para actos de arruaça e vandalismo protagonizados por cidadãos, com maior incidência nos bairros do Cazenga, Viana, Dangereux e Cacuaco.
“Pedimos aos fiéis de todas as religiões e sobretudo os que professam a fé cristã a não participarem destes actos abomináveis aos olhos de Deus e dos Homens. Paralisação e direito a manifestação pacífica sim, mas violência não. Diga não a violência, não a pilhagem, não a incitação ao ódio”, lê-se no comunicado enviado ao Correio da Kianda.
O Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), a Aliança Evangélica de Angola (AEA) e o Fórum Cristão Angolano (FCA) divulgaram uma carta inter-eclesial em que chama atenção para o agravar das dificuldades financeiras das famílias com a subida dos preços dos combustíveis.
“A recém subida de combustíveis tende a causar instabilidade na vida das famílias, cuja capacidade de compra é baixa. Muitas famílias já enfrentam dificuldades financeiras e o aumento das propinas escolares, preços dos transportes públicos, cesta básica, bem como outros serviços pode limitar o acesso à educação, que é um direito fundamental que deve ser garantido a todos os angolanos. A educação é a chave para o desenvolvimento e a erradicação da pobreza, e não deve ser um privilégio de poucos”, ressalta a carta.
Da mesma forma, os pastores apelam aos cidadãos a “manterem-se calmos, serenos, com o controlo emocional” e encoraja o Governo a promover o diálogo:
“Encorajamos o Governo a engajar o diálogo útil com todas as vozes influentes da sociedade para se contornar esta situação que perigosamente ameaça a estabilidade do país. O desafio que enfrentamos é grande, mas é possível. Precisamos trabalhar juntos para construir uma Angola digna dos angolanos. No entanto, Angola só será digna de nós se nós, angolanos, formos dignos de Angola”.
Por sua vez, o Gabinete do Amir/Presidente do Conselho Islâmico de Angola (CONSIA) emitiu um comunicado a exortar os crentes muçulmanos a terem cuidado e limitações em suas movimentações assim como serem vigilantes em suas residências, mesquitas e locais de trabalho.
Entretanto, pediu às autoridades angolanas que “priorizem o diálogo e concertação com os reivindicadores de modo a ouvirem o clamor do povo e não ignoram os sinais de frustração e desgastes da população”.
A Polícia Nacional anunciou esta manhã que mais de 500 pessoas foram detidas em consequência de arruaças e actos de vandalismo que decorrem desde esta segunda-feira, 28, em Luanda.