Sociedade
Crianças com deficiência visual fora das salas de aula no Lobito

A inclusão das pessoas com deficiência visual continua a ser um desafio distante da realidade no município do Lobito, província de Benguela.
A denúncia é feita pela Associação de Deficientes Visuais, que alerta para o número crescente de crianças cegas fora do sistema de ensino, por falta de condições e sensibilidade das autoridades locais.
O presidente da associação, Domingos Samajata, afirma que a inclusão social “tem sido apenas discurso”, sem resultados concretos para as famílias que lutam por educação e dignidade.
“Falam de inclusão, mas na prática não se faz sentir. Temos crianças cegas que continuam fora da escola porque aqui no Lobito não há ensino especial. A única escola está em Benguela, e mesmo lá, não aceitam alunos com mais de 12 anos”, lamentou.
Samajata contou que, apesar de vários pedidos feitos às direções municipal e provincial da Educação, não há resposta efectiva para a criação de salas adaptadas ou formação de professores capacitados para lidar com alunos com deficiência visual.
“A primeira dificuldade é a formação. Quem é formado vale por dois. Infelizmente, até os directores de escolas às vezes ignoram os nossos pedidos. Há alguns sensíveis, mas muitos simplesmente nos viram as costas”, denunciou.
A falta de materiais didáticos em braille, alimentos básicos e apoio psicossocial agrava a exclusão destas crianças, que acabam por ficar em casa sem qualquer acompanhamento pedagógico.
“Nós não estamos a estudar, mas queremos que pelo menos os nossos filhos estudem. Precisamos de apoio, de material didático, de oportunidades. Queremos inclusão de verdade, não apenas nas palavras”, apelou o dirigente associativo.
A associação defende que o Governo deve acelerar a implementação das políticas de educação inclusiva, previstas no decreto sobre inclusão social, garantindo que nenhuma criança com deficiência visual seja deixada para trás.
Enquanto isso não acontece, a exclusão continua a ser o maior obstáculo para quem, mesmo sem ver o mundo, quer ter a oportunidade de iluminá-lo com o conhecimento.