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Análise

Bastidores da Queda de Carolina Cerqueira: As Pressões, os Erros e o Desfecho Final

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A decisão do Bureau Político do MPLA de retirar a confiança política à presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, não foi um gesto isolado. Segundo apurou o Correio da Kianda, a queda tornou-se inevitável após um conjunto de episódios que, nos bastidores, foram lidos como sinais de desalinhamento com a liderança do partido e quebra de confiança pessoal com o Presidente do partido.

Os primeiros focos de atrito surgiram quando determinadas decisões de Carolina Cerqueira passaram a ser interpretadas como sinais de afastamento da linha política definida pela cúpula do partido. A percepção interna era de que a terceira figura do Estado já não acompanhava com rigor o rumo estratégico traçado pela direcção do partido.

O processo envolvendo deputados – incluindo alguns da bancada parlamentar do MPLA – suspeitos de utilizarem carros protocolares como viaturas de rent-a-car e até para alugar para cerimôniaas de casamentos, tornou-se um ponto de pressão adicional.

Para o líder e a direcção do MPLA, o caso deveria avançar como demonstração firme do combate ao uso indevido do património público, ao tráfico de influências e à necessária moralização da vida política.

Contudo, Carolina Cerqueira terá decidido arquivar o processo, alinhando-se com a posição defendida pela UNITA. Este gesto foi entendido como um desafio directo às orientações do líder do partido, gesto que terá intensificado o desgaste político.

Embora João Lourenço desempenhe igualmente o cargo de Presidente da República, as movimentações que conduziram à retirada de confiança ocorreram no plano estritamente partidário, onde o líder do MPLA exerce influência sobre a bancada parlamentar, salvaguardando a separação de poderes, enquanto Presidente da República.

Fontes próximas ao processo recordam que João Lourenço via Carolina Cerqueira como dirigente de confiança, tendo inclusive criado para ela, em junho de 2019, o cargo de Ministra de Estado para a Área Social e apoiado a sua ascensão à Presidência da Assembleia Nacional.

A sucessão de episódios considerados desalinhados terá sido entendida como uma profunda quebra de confiança.

A fonte que temos vindo a citar, avança que o caldo terá se entornado, provocando assim a erosão interna, com o caso do passaporte diplomático alegadamente emitido a favor de Higino Carneiro.

A fonte confidenciou ao Correio da Kianda, que Carolina Cerqueira terá autorizado a renovação do documento, tendo colocado Higino Carneiro como consultor do seu gabinete para justificar o pedido. Segundo a fonte, Carolina Cerqueira (CC) fê-lo à margem dos critérios definidos pela Lei n.º 22/21, que regula o regime jurídico dos passaportes diplomáticos.

Fontes garantem que o passaporte foi posteriormente anulado. Este episódio consolidou a decisão política tomada esta quinta-feira, no Complexo do Futungo II, durante a 1.ª Reunião Extraordinária do Bureau Político do Comité Central.

Apesar da retirada de confiança do MPLA, Carolina Cerqueira mantém-se formalmente no cargo. A sua substituição deverá ocorrer nos próximos dias, durante a próxima sessão plenária, onde a bancada parlamentar do MPLA está orientada para eleger Adão de Almeida como novo Presidente da Assembleia Nacional.

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