Economia
Angola reduz dívida com a China em 2 mil milhões e melhora reservas internacionais
Num contexto global de incerteza económica, Angola dá sinais de gestão prudente e estratégica das suas finanças públicas. A dívida do país com a China, tradicional parceira no financiamento da reconstrução nacional, foi reduzida de 10 mil milhões para cerca de 8 mil milhões de dólares nos últimos dois anos.
A informação foi avançada nesta terça-feira, 15, pela Unidade de Gestão da Dívida Pública, durante a apresentação do balanço semestral do Plano Anual de Endividamento.
O coordenador da Unidade, Dorivaldo Teixeira, destacou que esta redução se deve sobretudo ao pagamento contínuo dos empréstimos colateralizados com petróleo. Segundo o responsável, a tendência é para que a dívida com a China desça ainda mais até ao final de 2025, podendo atingir os 7,5 mil milhões de dólares.
“Há uma redução anual de cerca de dois mil milhões de dólares, e pretendemos manter esta trajectória”, afirmou Dorivaldo Teixeira, salientando que o país está a cumprir com os compromissos externos, mesmo com o ambiente económico internacional desfavorável.
No primeiro semestre deste ano, o stock da dívida governamental angolana situou-se nos 61,9 mil milhões de dólares, dos quais 45,2 mil milhões correspondem à dívida externa. Apesar disso, o Governo tem priorizado o financiamento interno para sustentar a execução do Orçamento Geral do Estado, com 99% das operações feitas a taxa fixa, o que contribui para maior previsibilidade e estabilidade financeira.
Além da redução da dívida externa, Angola também viu as suas reservas internacionais crescerem de 14 para 15,5 mil milhões de dólares, o que reforça a capacidade do país em responder a choques externos, como a oscilação do preço do petróleo ainda determinante na perceção de risco sobre a economia nacional.
No mercado dos Eurobonds, Angola prepara-se para honrar um vencimento de cerca de 864 milhões de dólares em novembro deste ano, sinalizando responsabilidade e disciplina fiscal.
Apesar dos avanços, Dorivaldo Teixeira alertou que a elevada exposição cambial da dívida ainda representa um risco, e que o país precisa continuar vigilante, com medidas que assegurem a sustentabilidade a médio e longo prazo.
“Estamos a fazer o possível para depender menos do endividamento externo e financiar mais internamente o Estado angolano, mas sabemos que a presença no mercado internacional continuará a ser necessária”, reforçou.
