Sociedade
Analistas pedem fim das desigualdades entre periferia e centro de Luanda
“O país precisa deixar de considerar uns como cidadãos e outros como votos”.
O apelo é do jurista David Mendes, que faz uma comparação da disponibilidade dos serviços sociais básicos no casco urbano de Luanda e nas periferias da província.
Para o especialista, existe uma disparidade gritante na garantia dos serviços essenciais para a população, o que, na sua visão, se traduz no pouco comprometimento dos decisores públicos com os habitantes das zonas suburbanas, que segundo disse representam apenas números de votos.
David Mendes disse que “o país não é só Mutamba”, alertando para a miséria em que vivem os cidadãos no Musseque.
O académico lamenta a tamanha disparidade da realidade social de cidadãos que mereciam os mesmos direitos.
“O que nós temos que fazer é uma inversão. Deixar de considerar uns como cidadãos e outros como votos.
Na cidade tem falta de água e de segurança, mas se falares de Luanda periferia, aí não existe água! Não existe segurança! A população está entregue a si mesma! Se fores à marginal, encontras carros da polícia com ar condicionado estacionados à espera de delinquentes, mas se fores ao Cazenga não vai ver polícia porque não existe. E no meu Cazenga tem mais população que o centro de Luanda”, afirmou o académico.
Sobre o mesmo assunto, o analista político, Eurico Gonçalves, entende que uma cidade é o reflexo da alma de um povo, sendo a actual realidade de Luanda e do país é também fruto da consciência colectiva dos cidadãos.
Entretanto, Eurico Gonçalves disse também que quando o acto de governar é feito com amor, as insuficiências sociais, preocupações e medos se dissipam.