Análise
Afinal, o que são ideologias, poder e Identidade dos partidos politicos?
Falar de ideologia num tempo que se autoproclama “pragmático” é quase um acto de desobediência intelectual. A política contemporânea gosta de apresentar-se como técnica, gestão, eficiência e números, como se decisões sobre impostos, direitos, orçamento, segurança, educação ou soberania fossem neutras. Não são. Nunca foram. Toda escolha política carrega uma visão de mundo, uma hierarquia de valores e uma ideia, explícita ou disfarçada, sobre quem deve ganhar, quem deve perder e quem deve decidir.
Norberto Bobbio advertiu, com clareza desconfortável, que “as ideologias não morrem; transformam-se” (Bobbio, 1995). Quando os partidos políticos afirmam que já não são de esquerda nem de direita, geralmente não superaram a ideologia; apenas a esconderam sob o manto do oportunismo. A negação da ideologia não elimina o poder simbólico que ela exerce, apenas o torna menos visível e, por isso mesmo, mais perigoso.
Num mundo atravessado por crises económicas, conflitos identitários, colapso ambiental, revolução tecnológica e reconfigurações geopolíticas, compreender todos os espectos ideológicos deixa de ser um exercício académico e passa a ser um dever cívico. A ideologia é o mapa invisível que orienta decisões visíveis. Ignorá-la é caminhar politicamente às cegas.
Este artigo assume, portanto, uma posição clara: não há política sem ideologia, há apenas ideologia mal assumida. Ao percorrer todos os espectos, económico, político-institucional, cultural, identitário, ecológico, tecnológico, religioso e geopolítico, o objectivo não é defender uma corrente específica, mas oferecer instrumentos de leitura crítica para um debate público mais honesto, mais informado e menos manipulável.
1. O Especto Económico: da Extrema-Esquerda à Extrema-Direita
A extrema-esquerda, inspirada em Marx, Engels, Lénine ou Trotsky, defende a abolição da propriedade privada dos meios de produção e a superação do capitalismo por meio da revolução. Marx afirmava que “a história de todas as sociedades é a história da luta de classes” (Marx & Engels, 1848), sustentando a ideia de que a desigualdade é estrutural e não acidental.
A esquerda clássica, onde se inserem o socialismo democrático e a social-democracia, aceita o mercado, mas submete-o à regulação do Estado. Keynes defendia que o Estado deve intervir para corrigir falhas do mercado e garantir emprego e estabilidade social (Keynes, 1936).
A centro-esquerda adopta um reformismo gradual, conciliando crescimento económico com políticas sociais. Anthony Giddens chamou a isto a “Terceira Via”, uma tentativa de adaptar a esquerda às economias globalizadas sem abandonar a justiça social (Giddens, 1998).
O centro caracteriza-se pelo pragmatismo e pela flexibilidade ideológica. Sartori observa que o centrismo tende a surgir em sistemas políticos fragmentados, funcionando como força de equilíbrio e estabilidade (Sartori, 2003).
A centro-direita combina economia de mercado com responsabilidade social, frequentemente influenciada pela doutrina social da Igreja. A democracia-cristã, segundo Jacques Maritain, procura conciliar liberdade económica, dignidade humana e solidariedade social (Maritain, 1947).
A direita liberal defende o mercado livre, a redução do Estado e a responsabilidade individual. Para Friedrich Hayek, o planeamento estatal excessivo conduz inevitavelmente à perda de liberdade (Hayek, 1944).
A extrema-direita, por sua vez, rejeita o pluralismo e aposta no nacionalismo radical e na autoridade. Hannah Arendt alertou que estas correntes tendem a transformar frustrações sociais em projectos autoritários e excludentes (Arendt, 1951).
2. O Especto Político-Institucional: Autoritarismo e Democracia
O autoritarismo concentra o poder, limita liberdades e reduz o pluralismo. Juan Linz distingue-o do totalitarismo por permitir algum grau limitado de autonomia social (Linz, 1975).
O totalitarismo, como analisado por Arendt, controla não apenas o Estado, mas a própria consciência dos cidadãos, impondo uma ideologia única e omnipresente.
As democracias híbridas ou iliberais, conceito desenvolvido por Fareed Zakaria, mantêm eleições formais, mas enfraquecem o Estado de Direito e as liberdades civis (Zakaria, 1997).
A democracia liberal funda-se na separação de poderes, direitos fundamentais e pluralismo, princípios defendidos desde Montesquieu até Robert Dahl, para quem a poliarquia é a forma moderna da democracia realista (Dahl, 1971).
A democracia participativa vai além da representação, defendendo a participação directa dos cidadãos. Carole Pateman sustenta que a participação fortalece a cidadania e a legitimidade do sistema político (Pateman, 1970).
3. O Especto Cultural: Progressismo e Conservadorismo
O progressismo radical questiona estruturas históricas de poder, género e identidade. Autores como Foucault argumentam que o poder se reproduz também através do discurso e da cultura (Foucault, 1975).
O progressismo moderado centra-se nos direitos humanos e na igualdade de oportunidades, inspirado em autores como John Rawls, que defende a justiça como equidade (Rawls, 1971).
O conservadorismo moderado valoriza a tradição como elemento de estabilidade social. Edmund Burke advertia que sociedades que rompem completamente com o passado correm o risco do caos (Burke, 1790).
O conservadorismo radical, muitas vezes associado ao fundamentalismo, tende a transformar valores morais em imposições políticas, o que, segundo Karl Popper, ameaça a sociedade aberta (Popper, 1945).
4. O Especto Nacional e Identitário
O internacionalismo e o cosmopolitismo defendem a cooperação global. Kant já idealizava uma “paz perpétua” baseada em instituições internacionais (Kant, 1795).
O nacionalismo moderado protege a soberania e a identidade cultural sem rejeitar o diálogo internacional.
O nacionalismo radical, porém, transforma a identidade em exclusão. Benedict Anderson mostrou como as nações são “comunidades imaginadas” que podem ser instrumentalizadas politicamente (Anderson, 1983).
5. O Especto Estado–Mercado
O estatismo aposta no controlo estatal da economia, enquanto a economia mista procura equilíbrio entre sector público e privado.
O liberalismo de mercado vê o mercado como regulador natural da sociedade.
O anarcocapitalismo, defendido por autores como Murray Rothbard, propõe a eliminação total do Estado, uma ideia vista por muitos como teoricamente coerente, mas socialmente impraticável.
6. O Especto Ecológico
O ecologismo radical critica o crescimento económico contínuo, defendendo o decrescimento.
O ambientalismo político aposta no desenvolvimento sustentável, conceito popularizado pelo Relatório Brundtland (1987).
O produtivismo prioriza crescimento e industrialização, frequentemente em detrimento do ambiente.
7. O Especto Tecnológico
O tecno-utopismo acredita que a tecnologia resolverá problemas políticos e sociais.
A tecnocracia defende governação por especialistas, como analisado por Max Weber no conceito de racionalidade burocrática.
O tecno-pragmatismo vê a tecnologia como instrumento, não como fim.
O tecno-ceticismo alerta para riscos de desumanização e vigilância, como advertiu Shoshana Zuboff ao falar do “capitalismo de vigilância” (Zuboff, 2019).
8. O Especto Religião–Estado
O laicismo radical separa completamente religião e política.
A laicidade cooperativa reconhece o papel social das religiões.
O confessionalismo influencia directamente a política.
A teocracia subordina o poder político à autoridade religiosa, modelo criticado por Habermas por limitar o debate racional plural (Habermas, 2001).
9. O Especto Geopolítico
O ocidentalismo, o não-alinhamento, o Sul Globalismo e o anti-imperialismo refletem diferentes leituras da ordem internacional. Samir Amin destacou como o sistema global reproduz desigualdades entre centro e periferia (Amin, 1976).
10. Os Partidos Políticos de Angola no Especto Ideológico
Entre a retórica, a história e a prática do poder
A análise dos partidos políticos angolanos exige um exercício de honestidade intelectual. Em Angola, a ideologia formal raramente coincide com a ideologia praticada. Como diria Giovanni Sartori, “os partidos dizem o que são; o poder revela o que fazem” (Sartori, 2003). Assim, compreender o especto ideológico dos partidos angolanos implica observar três dimensões simultâneas: origem histórica, discurso oficial e comportamento político efectivo.
1. MPLA – Do Marxismo-Leninismo ao Pragmatismo de Estado Dominante
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) nasceu como um partido de esquerda marxista-leninista, profundamente influenciado pelo socialismo científico e pela luta anti-colonial. Durante décadas, assumiu-se como partido único e estruturou um Estado centralizado, estatista e ideologicamente fechado.
Com a Constituição de 1992 e, sobretudo, após a viragem económica dos anos 2000, o MPLA deslocou-se progressivamente para um centrismo pragmático com traços autoritários, combinando:
Economia de mercado dependente do petróleo
Forte intervenção do Estado
Capitalismo de elites
Controlo político das instituições
Na prática, o MPLA situa-se hoje num centro hegemónico, com discurso social-democrata, prática liberal selectiva e estrutura política dominante. Bobbio alertava que quando um partido confunde Estado e partido, a ideologia torna-se instrumento de poder, não de transformação social (Bobbio, 1995).
2. UNITA – Da Guerrilha Anti-Marxista ao Centro Conservador Nacional
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) surgiu como movimento de resistência ao marxismo do MPLA, assumindo uma matriz nacionalista, anti-comunista e rural, com forte componente identitária.
Após a guerra e a integração no sistema multipartidário, a UNITA passou por um processo de moderação ideológica, deslocando-se para um centro-direita democrático, defendendo:
Economia de mercado
Descentralização
Alternância de poder
Discurso moralizante do Estado
Contudo, como observa Linz, partidos oriundos de conflitos armados carregam dificuldades de institucionalização plena (Linz, 1975). A UNITA vive uma tensão permanente entre a herança histórica e a tentativa de se afirmar como partido moderno de governação.
3. CASA-CE – O Centrismo Eleitoral sem Doutrina Estruturada
A CASA-CE nasceu como coligação de ruptura interna da UNITA, sem uma ideologia sólida própria. A sua posição situa-se num centrismo pragmático, orientado mais pela crítica ao poder do que por um projecto ideológico consistente.
Caracteriza-se por:
Discurso reformista genérico
Ausência de base doutrinária clara
Dependência da figura do líder
Como advertia Panebianco, partidos sem ideologia estruturada tendem a fragilizar-se quando o carisma se esgota (Panebianco, 1988).
4. PRS – Nacionalismo Étnico Moderado e Pragmatismo Regional
O Partido de Renovação Social (PRS) tem uma base histórica ligada a identidades regionais e étnicas, o que o coloca num nacionalismo identitário moderado, com práticas pragmáticas.
Ideologicamente, oscila entre:
Centro político
Defesa de inclusão regional
Participação estratégica no sistema
Benedict Anderson ajuda a compreender como identidades colectivas podem ser politicamente instrumentalizadas sem se traduzirem em programas ideológicos robustos (Anderson, 1983).
5. FNLA – Nacionalismo Histórico sem Renovação Ideológica
A FNLA, um dos movimentos históricos da independência, perdeu relevância política por incapacidade de renovação ideológica e organizacional.
Actualmente situa-se:
Num nacionalismo simbólico
Com fraca intervenção programática
Dependente do capital histórico
A FNLA é exemplo do que Weber chamaria de “autoridade tradicional esvaziada”, que sobrevive mais pela memória do que pela acção política efectiva (Weber, 1922).
6. Bloco Democrático (BD) – Progressismo Urbano e Liberalismo Político
O Bloco Democrático posiciona-se claramente na centro-esquerda progressista, defendendo:
Direitos humanos
Transparência
Limitação do poder do Estado
Liberdades civis
Ideologicamente aproxima-se do liberalismo político de Rawls e da social-democracia moderna. Contudo, enfrenta dificuldades estruturais num sistema político dominado por grandes partidos.
7. PRA-JA Servir Angola – Populismo Reformista em Construção
O PRA-JA apresenta-se como força reformista e anti-sistema, combinando:
Discurso anti-corrupção
Nacionalismo cívico
Populismo democrático
Ideologicamente é híbrido, oscilando entre centro, centro-esquerda e populismo reformista. Ernesto Laclau explica que o populismo não é ideologia, mas uma lógica política de construção do “povo” contra o “sistema” (Laclau, 2005).
8. PHA – Partido Humanista de Angola
O PHA assume uma orientação humanista, com inspiração ética e social, situando-se entre a centro-esquerda e o progressismo moral, defendendo dignidade humana, justiça social e ética na política.
A sua limitação reside mais na estrutura organizacional do que na clareza ideológica.
9. APN, P-NJANGO, PDP-ANA e Outros Pequenos Partidos
Estes partidos situam-se maioritariamente:
No centrismo difuso
Em plataformas personalistas
Com ideologias genéricas e adaptativas
Como refere Duverger, partidos pequenos tendem a sobreviver mais por alianças estratégicas do que por afirmação ideológica autónoma (Duverger, 1954).
10. O Partido Liberal (PL)
Liberalismo político num sistema historicamente estatista
O Partido Liberal (PL) surge no panorama político angolano como uma ruptura ideológica explícita com a tradição dominante do estatismo, do partido-Estado e do pragmatismo sem confissão doutrinária. Diferentemente de muitos partidos que evitam rótulos ideológicos, o PL assume frontalmente o liberalismo como identidade política, o que, por si só, já constitui um acto político relevante num contexto onde a ideologia costuma ser disfarçada.
Do ponto de vista do especto económico, o PL posiciona-se claramente na direita liberal, defendendo:
Economia de mercado
Redução do peso do Estado na economia
Promoção da iniciativa privada e do empreendedorismo
Combate aos monopólios estatais e ao capitalismo de compadrio
Este posicionamento aproxima o partido do liberalismo económico clássico defendido por Adam Smith, para quem o mercado, quando regulado por regras claras, é um mecanismo mais eficiente de alocação de recursos do que o controlo centralizado do Estado (Smith, 1776). Contudo, o liberalismo contemporâneo, ao qual o PL tenta alinhar-se, não ignora totalmente o papel regulador do Estado, sobretudo na garantia da concorrência e dos direitos individuais.
No especto político-institucional, o PL situa-se no campo do liberalismo democrático, defendendo:
Estado de Direito efectivo
Separação real de poderes
Limitação do poder executivo
Fortalecimento das liberdades civis
Aqui, a sua matriz aproxima-se do pensamento de John Locke e de Montesquieu, para quem a liberdade política só existe quando o poder é limitado pelo poder. Num país com histórico de forte concentração de autoridade, esta proposta representa uma crítica directa ao modelo político dominante.
No especto cultural, o PL apresenta-se como liberal nos costumes, defendendo a liberdade individual, a tolerância e a não interferência excessiva do Estado nas escolhas privadas. Este posicionamento distingue-o tanto do conservadorismo moral clássico como do progressismo identitário radical, situando-o num liberalismo cultural moderado, próximo do que Isaiah Berlin chamou de “liberdade negativa”, isto é, a liberdade de não ser impedido (Berlin, 1969).
No especto Estado–mercado, o PL opõe-se claramente ao estatismo histórico angolano, mas enfrenta aqui um dos seus maiores desafios: propor a redução do Estado sem ignorar uma realidade social marcada por desigualdades profundas. Como advertia Karl Polanyi, mercados sem redes de protecção social tendem a gerar instabilidade política (Polanyi, 1944). Este é um ponto crítico onde o PL terá de demonstrar maturidade programática para não ser percebido como partido apenas urbano ou elitista.
No especto geopolítico, o PL tende a defender:
Abertura económica
Integração nos mercados globais
Cooperação internacional baseada em interesses económicos e institucionais
Esta postura afasta-o tanto do anti-imperialismo clássico como do nacionalismo económico, aproximando-o de um cosmopolitismo liberal pragmático.
Leitura crítica final sobre o PL
O Partido Liberal introduz no sistema partidário angolano algo raro: clareza ideológica declarada. Isso é simultaneamente a sua maior virtude e o seu maior risco. Virtude, porque contribui para elevar o nível do debate político. Risco, porque o liberalismo, num país com forte herança estatista e profundas desigualdades sociais, exige pedagogia política, sensibilidade social e capacidade de adaptação ao contexto nacional.
Como lembrava Norberto Bobbio, o liberalismo só se sustenta democraticamente quando se articula com mecanismos efectivos de inclusão social (Bobbio, 1990). Se o PL conseguir construir essa ponte entre liberdade económica, justiça institucional e responsabilidade social, poderá ocupar um espaço ideológico próprio e consistente. Caso contrário, corre o risco de ser reduzido a um partido de protesto urbano ou a uma ideia importada sem enraizamento social.
Ainda assim, a sua existência já cumpre uma função política relevante: quebra o silêncio ideológico e obriga o sistema a discutir ideias, não apenas pessoas ou slogans.
Finalmente, é importante referir que a grande tragédia da política contemporânea não é a diversidade ideológica, mas a sua ocultação estratégica. Quando partidos, líderes e governos recusam assumir claramente a sua posição no especto ideológico, não estão a promover consenso; estão a desarmar o cidadão. A confusão ideológica não fortalece a democracia, fragiliza-a.
Como demonstrou Giovanni Sartori, sistemas políticos com baixa clareza ideológica tendem a produzir eleitorados desinformados, debates rasos e decisões concentradas em elites tecnocráticas (Sartori, 2003). A ideologia não é o problema; o problema é quando ela deixa de ser discutida e passa a operar silenciosamente.
Num contexto global marcado pelo ressurgimento de autoritarismos, pelo avanço de populismos de sinal diverso, pela mercantilização extrema da política e pela transformação do cidadão em mero consumidor eleitoral, compreender os espectos ideológicos torna-se um acto de resistência democrática. É a ideologia que explica por que certos governos cortam direitos em nome da eficiência, outros ampliam o Estado em nome da justiça social, alguns sacrificam o ambiente em nome do crescimento e outros sacrificam o crescimento em nome da sustentabilidade.
A clareza ideológica não significa radicalismo. Significa responsabilidade política. Como lembrava Max Weber, a ética da responsabilidade exige que o político assuma as consequências das ideias que orientam as suas decisões (Weber, 1919). Não há responsabilidade sem transparência ideológica.
Num país ou numa sociedade onde a ideologia é tratada como palavrão, o espaço público é facilmente ocupado por slogans vazios, personalismos messiânicos e soluções simplistas para problemas complexos. O cidadão deixa de escolher projectos de sociedade e passa a escolher rostos, emoções ou medos.
Concluir este percurso pelos espectos ideológicos é, portanto, afirmar uma posição inequívoca: democracia madura exige partidos ideologicamente identificáveis, cidadãos politicamente alfabetizados e debates públicos que não tenham medo das ideias. Como advertia Bobbio, não é a ideologia que ameaça a democracia, mas a sua manipulação silenciosa.
Num tempo de ruído, velocidade e superficialidade, compreender a ideologia é recuperar profundidade. E, em política, profundidade é sempre um acto de coragem.
