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João Lourenço defende pragmatismo, financiamento justo e reforço da parceria UA-UE

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O Presidente da República de Angola e presidente em exercício da União Africana (UA), João Lourenço, defendeu hoje, 24, na abertura da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, uma relação “mais pragmática” e menos burocrática entre os dois blocos, sublinhando que o actual modelo de cooperação deve responder de forma mais eficaz aos desafios do continente africano, em especial aos que dizem respeito à juventude, ao financiamento do desenvolvimento e à segurança.

João Lourenço destacou que a cooperação UA/UE deve concentrar-se em projectos que assegurem a formação e a empregabilidade dos jovens africanos, de modo a desencorajar a migração forçada e a permitir que os países do continente disponham de quadros qualificados para integrar projectos conjuntos e responder às necessidades de mão-de-obra de empresas que investem em África.

O Chefe de Estado chamou ainda a atenção para a necessidade urgente de África aceder a financiamento “com custos comportáveis” para electrificação, industrialização, mobilidade e construção de infra-estruturas estratégicas. Recordou, a propósito, a 4.ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, realizada este ano em Sevilha, onde parceiros europeus manifestaram abertura para uma reforma profunda do sistema financeiro global, incluindo mecanismos mais justos de reestruturação da dívida e novos instrumentos de apoio ao desenvolvimento africano.

Lourenço reiterou que o continente não pode continuar preso a um ciclo de endividamento insustentável: “Temos grande necessidade de uma nova visão sobre a relação financeira entre África e as instituições creditícias internacionais”, afirmou.

O presidente apelou ao reforço das parcerias público-privadas e a soluções lideradas por africanos para atrair investimento estrangeiro em infra-estruturas, defendendo que o continente deve abandonar, de forma definitiva, o quadro de pobreza que tem marcado a sua história recente e que alimenta crises humanitárias, epidemias, conflitos e fluxos migratórios.

Em matéria climática, João Lourenço lamentou a falta de avanços concretos apesar das sucessivas COPs e defendeu maior investimento em energias limpas, como hidrelétricas e parques solares, assim como medidas que travem a desflorestação e promovam alternativas sustentáveis ao uso da lenha e carvão vegetal. “África é o continente que menos polui, mas aquele que pode contribuir mais no combate às alterações climáticas”, sublinhou.

No plano da segurança global, o presidente da UA alertou para uma situação “particularmente grave”, marcada pela guerra prolongada na Ucrânia, sucessivas mudanças inconstitucionais de poder na África Ocidental, terrorismo no Sahel, Somália e Moçambique, além dos conflitos no Sudão e na República Democrática do Congo, que, segundo disse, ameaçam a integridade territorial desses países.

João Lourenço abordou também o conflito israelo-palestino e considerou essencial resgatar os princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional, criticando potências que “desautorizam o próprio Conselho de Segurança”. Para o líder africano, o multilateralismo precisa ser urgentemente restaurado: “É urgente que o multilateralismo seja resgatado, para o bem da Humanidade”, concluiu.

A 7.ª Cimeira UA–UE decorre num contexto global marcado por instabilidade política, tensões geoestratégicas e fortes pressões económicas, e deverá definir novas linhas de cooperação entre os continentes para a próxima década.

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