África
“Desporto não pode servir para branquear violações de direitos humanos” na RDC – Amnistia Internacional

Um acordo de 40 milhões de euros pagos para que os atletas do Barcelona Futebol Clube de Espanha exibam camisolas com inscrição de República Democrática do Congo, para alegadamente promover a cultura daquele país africano, está a ser criticado pela Amnistia Internacional, por entender que esconde as violações de direitos humanos que ocorrem nas cidades do Norte e do Leste.
A ONG condena o acordo, tendo alertado que “o desporto não pode servir para branquear violações de direitos humanos”.
O referido acordo foi assinado a 30 de Julho último, com a duração de quatro anos, ao valor de 10 milhões de euros por temporada. O objectivo do contrato é ajudar o clube a melhorar a sua situação de fair-play financeiro e garantir a inscrição de jogadores.
Como parte da parceria, todos os equipamentos de treino das equipas profissionais do Barcelona passarão a exibir o logotipo “RD Congo – Cœur de l’Afrique” até à temporada 2028/29.
Além disso, a RDC torna-se no parceiro mundial do clube espanhol e o estádio de Camp Nou terá um espaço denominado Casa da RDC, dedicado a mostrar a diversidade cultural e desportiva do país africano.
Contudo, o acordo gerou fortes críticas da Amnistia Internacional, que acusa a iniciativa de servir para encobrir violações de direitos humanos. A ONG alertou que “o desporto não pode servir para branquear violações de direitos humanos”, lembrando que “a região oriental da RDC está marcada por um conflito armado entre o Movimento 23 de Março, apoiado pelo Ruanda, e grupos apoiados pelo exército congolês, com violações colectivas de mulheres, abusos contra a população civil e controlo sobre territórios ricos em minerais como ouro e coltão”.
A organização acrescentou ainda: “Enquanto o clube mostrará a cultura congolesa na Casa da RDC, quando vemos ‘Visit Rwanda’ ou ‘RD Congo – Cœur de l’Afrique’ numa camisola, também deveríamos ver os abusos que se tentam ocultar”.
O relatório da Amnistia recorda, termina sublinhando que o país enfrenta “detenções arbitrárias, torturas, restrições à liberdade de expressão e um elevado número de condenações à morte”.