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Proposta de tarifas de 500% dos EUA contra compradores de combustíveis russos: implicações geopolíticas

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A proposta de um projecto de lei no Senado dos Estados Unidos, que impõe tarifas de 500% a países que comprem combustíveis fósseis russos, representa uma tentativa ousada de isolar economicamente Moscovo em meio ao conflito com a Ucrânia.

O projecto, liderado pelos senadores Lindsey Graham e Richard Blumenthal, visa pressionar a Rússia, cuja economia depende fortemente das exportações de petróleo e gás, para forçar negociações sérias no conflito com a Ucrânia. A medida, descrita como um “ultimato” à Rússia, surge após a intensificação das sanções ocidentais desde 2022. No entanto, a proposta de tarifas tão elevadas não se limita a Moscovo, mas atinge qualquer nação que adquira energia russa, incluindo aliados dos EUA na UE, como Itália e Hungria, que continuam dependentes de importações russas.

Implicações Geopolíticas

Impacto na UE: Catorze dos 27 Estados-membros da UE importam energia russa, e tarifas de 500% poderiam devastar economias dependentes, como a Hungria, que mantém laços estreitos com Moscovo. A medida pode gerar tensões transatlânticas, enfraquecendo a coesão da NATO e a solidariedade ocidental contra a Rússia. O senador Rand Paul alertou para um “desastre económico” nos EUA e na UE, destacando os riscos de uma abordagem tão agressiva.

Efeitos Globais: Países como China e Índia, grandes compradores de petróleo russo a preços reduzidos, seriam directamente afectados. A interrupção dessas importações poderia encarecer a energia global, agravando a inflação e impactando economias em desenvolvimento. A proposta pode forçar uma reconfiguração das cadeias de fornecimento energético, com consequências imprevisíveis para mercados globais.

Desafios à Implementação: A viabilidade da lei é questionável, dado o impacto potencial nos próprios EUA e aliados. A resistência no Congresso, como expressa por Rand Paul, sugere dificuldades para sua aprovação. Além disso, a exclusão da Ucrânia em negociações russo-americanas, como as realizadas na Arábia Saudita em fevereiro de 2025, indica falta de coordenação, o que pode minar a eficácia da pressão sobre Moscovo.

Riscos e Oportunidades

A proposta visa enfraquecer a “máquina de guerra” de Putin, mas o seu carácter indiscriminado pode alienar aliados e desestabilizar mercados energéticos. Por outro lado, se bem calibrada, poderia incentivar negociações, especialmente com a mediação de actores como a Turquia, que já facilitou diálogos entre Rússia e Ucrânia. A comunidade internacional deve buscar um equilíbrio entre pressão económica e diálogo diplomático para evitar escaladas.

Conclusão

A proposta de tarifas de 500% é uma jogada arriscada que pode isolar a Rússia, mas a um custo elevado para aliados e mercados globais. Angola, como observadora na região africana, deve acompanhar o impacto nos preços energéticos, que afectam economias dependentes de importações. A solução para o conflito exige pressão coordenada, mas também diálogo inclusivo, para evitar danos colaterais que comprometam a estabilidade global.

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